17 fevereiro 2005

Choro e rio. Rio e choro.



Há realizadores que, ao manipularem os sentimentos da assistência, transformam esse processo de manipulação numa espécie de imagem de marca do seu cinema. No meio cinéfilo actual, podemos escolher Pedro Almodóvar para ocupar a posição de “realizador-manipulador” por excelência. Recuando no tempo até aos melodramas Todo sobre mi madre e Hable con ella, notamos que as suas personagens conseguem a proeza de fazer com que o público alterne, quase metodicamente, entre gargalhadas e lágrimas. Desta forma, qualquer espectador, desde o mais sensível até ao mais imperturbável, acaba por embarcar num autêntico merry-go-round de sensações incontroláveis.
Se quiséssemos listar os efeitos práticos destas películas, teríamos de mencionar a manipulação sentimental levada a cabo por Almodóvar. O realizador espanhol chega a determinar quando devemos sucumbir à desgraça de uma personagem ou quando devemos aprovar a existência de um comic relief. Não há ninguém que possa negar o facto de ser uma vítima voluntária no cinema repleto de cores deste criador. Ou será que haverá alguém que, ao ver os filmes acima referidos, não sofra e não ria como se estivesse a reviver episódios da sua própria vida?

3 comentários:

Anónimo disse...

Queria dar-vos os parabéns pelo blog! Acho sinceramente que é uma óptima iniciativa! É fantástico ver como é que têm uma capacidade de análise tão apurada e como apresentam os vossos comentários de forma tão clara e objectiva. Dão-me uma visão sobre o cinema que eu desconhecia por completo. Espero que tenham muito sucesso, pois penso que têm tudo para brilhar no futuro!

Em relação aos filmes do Almodôvar, peço desculpa Mafalda mas nunca vi nenhum.... Sou muito ignorante acerca de vários flmes... Mas, agora já tenho um sítio onde me informar e prometo que vou seguir os vossos conselhos!

Ah, já agora! Fui agora ver o "Relatório Kinsey" e gostei. Acho que levanta, tal como o "Closer", uma questão essencial: o facto de não podermos continuar a negar a nossa essência! É pena que estes filmes não tenham tanta divulgação como deveriam ter, pois muitas injustiças continuam a ser cometidas por parte de pessoas que permanecem ignorantes, sem serem, porém,culpadas por isso!

Vou tentar participar mais!

Mafalda Azevedo disse...

Estás certo quando dizes que sou "uma defensora do nosso património linguístico". Contudo, como não sou uma pessoa fundamentalista, sempre fui da opinião de que há algumas expressões estrangeiras bem mais sonantes e adequadas do que certos vocábulos lusos (por muito que admire a nossa língua!).

Anónimo disse...

Oi!!!!

Quero deixar aqui os meus sinceros parabéns!!!!

Está simplesmente genial!!!

Já pertence aos meus favoritos!

Bom trabalho!