23 abril 2006

Vício cinéfilo

A história de uma família italiana acompanhada pelos espectadores desde o fim dos anos 60 até aos dias de hoje. Esta é a sinopse de A Melhor Juventude. Eficaz mas redutora. Poderíamos acrescentar: fragmentos de vida, testemunhos de emoções, vestígios de dor. Continuaria redutora.
A Melhor Juventude, filme assinado por Marco Tullio Giordana, foi uma aposta do Cinema King que demorou pouco tempo até se transformar num autêntico acontecimento cinematográfico. De um momento para o outro, e quase inexplicavelmente, o público português aderiu em massa a este filme e deslocava-se ao King para ver as duas partes, cada uma com 3 horas de duração.
Ainda hoje, e já passaram mais de dois anos, os espectadores continuam a adquiri-lo ou a alugá-lo para conhecerem os irmãos Nicola e Matteo cujas vidas se alteraram desde o encontro com uma jovem doente.
A explicação para este sucesso só se torna difícil de perceber para quem nunca viu o filme. A Melhor Juventude, que começou por ser um projecto encomendado como série pela televisão estatal italiana, traz ao grande ecrã um ritmo concentrado e quase linear que, mais velozmente do que o cinema nos habituou, vai saltando de ano em ano, de acontecimento em acontecimento e de personagem em personagem. E aqui surge uma outra qualidade desta película que não pode ser desprezada: a escolha dos actores.
Carismáticos, conscientes da densidade psicológica das suas personagens, sempre no tom certo e conseguindo sabiamente fazer uso das suas características físicas. E devo sublinhar a parte final: fazer uso das suas características físicas. Neste filme, talvez como em poucos, todas as mulheres são belas, no sentido mais cativante que o adjectivo possui, e todos os homens são belos, no sentido mais fascinante que o adjectivo possui.

Desculpem...

Para todos aqueles que têm perguntado se abandonei o Mise en Abyme, a resposta é não. Não abandonei e não tenciono abandonar. No entanto, o tempo tem sido escasso e os filmes que tenho visto, salvo raras excepções, não merecem figurar num blog de homenagem à sétima arte.

Até breve!