31 dezembro 2012

2013 | quase, quase



Amor como em Casa  

Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.

Manuel António Pina

[E que não falte amor aos leitores do Mise en Abyme durante o ano de 2013.]

30 dezembro 2012

O camaleão


Holy Motors, essa ode ao cinema que tem tanto de bizarra e de intrigante como de admirável, inspirou Luís Miguel Oliveira a escrever um belo texto que merece ser lido

28 dezembro 2012

Ethan & Joel



Miller's Crossing | The Hudsucker Proxy | Fargo | The Big Lebowski | O Brother, Where Art Thou? | The Man Who Wasn't There | Intolerable Cruelty | The Ladykillers | No Country for Old Men | Burn After Reading | True Grit

Ao longo da minha vida, vi vários filmes dos irmãos Coen. No total, e se a memória não me falha, já lá vão 11 histórias. Sempre bem contadas. No entanto, constato que não saberia descrever algumas delas e isso entristece-me.
Ontem à noite, a poucos dias do final do ano, pareceu-me a altura ideal para ver The Hudsucker Proxy, cujo vilão é interpretado pelo homem mais bonito de sempre, o extraordinário Paul Newman. Quanto ao filme, as suas premissas são simples: na véspera do ano novo, há um homem que está prestes a suicidar-se mas que acaba por ser salvo por um anjo. [Estou em crer que as semelhanças com o It's a Wonderful Life não serão coincidência.] No final, fiquei cheia de vontade de ver os restantes filmes destes irmãos. Pareceu-me
inclusivamente uma bela maneira de receber o ano de 2013, não?

18 dezembro 2012

Amor



Ouve-se uma torneira a correr, esse som que sempre me pareceu apaziguador. Escutam-se inspirações e expirações, a prova de que o objeto do nosso amor continua vivo. De quando em quando, ouvem-se gemidos, pedidos de ajuda, lamúrias. E música, claro.
Também de som – e não sei se sobretudo – vive este filme de Michael Haneke. E de amor, muito amor. Um amor que cresceu com os anos e que se sente em tantos pormenores. Nas cadeiras dispostas lado a lado, na cozinha e na sala de estar; nos livros que se partilham; nos vegetais regados a vinho que se comem; no delírio que é tranquilizado através de uma festa e de uma história que se conta.
Dizia Haneke que se se aguenta a vida, também se aguenta este filme. Tomara nós que a nossa vida tenha tanto amor e tanta ternura como esta obra-prima, testemunho de uma sensibilidade e de uma maturidade impressionantes.

14 dezembro 2012

Alerta | Rita Martins


Parece que já nos tínhamos cruzado duas vezes – nas Linhas de Wellington e na curta-metragem Tony, realizada pelo Bruno Lourenço – mas foi só ontem, ao ver o telefilme Bloqueio, que me apercebi da importância do seu semblante.

12 dezembro 2012

Fonte de inspiração


Por muito que me custe, tenho de assumir que já tenho saudades. 

Roubado daqui.

10 dezembro 2012

O Natal está aí...

 
Um feliz Natal e um 2013 cheio de amor e de bons filmes 
são os votos do Mise en Abyme.

08 dezembro 2012

Operação Outono


Um thriller político que conta com interpretações memoráveis. 

07 dezembro 2012

A contar as horas para ver AMOR



Na semana em que estreou o novo filme de Michael Haneke, Amor, e uma vez que só o poderei ver daqui a uns dias, resolvi fazer uma visita à belíssima sala do cinema Nimas para assistir ao provocador Funny Games de 1997.

Assim que o filme começou, e apesar de sermos menos de 20 espetadores, houve direito a graçolas relacionadas com a língua alemã. Será que já não é possível ir ao cinema de forma descansada e ordeira? Chegará o dia em que vou preferir ver um filme em casa do que numa sala de cinema?
Mas bom. O que interessa realmente, e aquilo de que me vou lembrar pela vida fora, é do medo genuíno que senti ao longo de toda a projeção. E, ao mesmo tempo, da esperança tão ingénua de que pelo menos um deles sobrevivesse.
 
Duas sugestões: no Ípsilon de hoje, pode ler-se uma entrevista curiosa ao Mestre Haneke. Entre outras afirmações cruas, ressalto esta Hoje vejo muita coisa em casa. Não gosto de ir ao cinema porque me incomoda o barulho que as pessoas fazem a comer ou a telefonar. Gosto de estar concentrado. E, às 21h30, pode ver-se Código Desconhecido, com a Juliette Binoche, na referida sala, ali na Avenida 5 de Outubro, e por ocasião do ciclo especial dedicado a Michael Haneke.