29 maio 2008

59 Lamb's Conduit Street

Numa rua pequena e difícil de encontrar, deparamo-nos com uma das livrarias mais acolhedoras e singulares desta cidade. Certa amiga não parava de me falar na Persephone Books, mas confesso que não estava à espera de um espaço tão original.
Edifício do princípio do século XVIII, flores na entrada, bengaleiro à porta, soalho de madeira, cadeiras convidativas, estantes claras e três mulheres, de grupos etários diferentes, a trabalharem em três sólidas secretárias.

Sorridentes, olharam para mim, perguntaram se precisava de ajuda e, perante a minha resposta negativa, continuaram a trabalhar. É preciso abrir um parêntesis para explicar que esta livraria também funciona como escritório da editora.
E assim fiquei eu, entregue aos livros, boquiaberta com tanta serenidade e bom gosto. Escolher um só livro não foi tarefa fácil, mas acabei por eleger aquele que mais me perturbou.

E a leitura espera por mim.
Até breve.

28 maio 2008

Saints and Soldiers (2003)

Gould – Is it good reading? (referindo-se à Bíblia)
Deacon – Do you believe in a life after this one?
Gould – Not a chance in hell. When we first got here, I was working on this kid. He was shot up pretty bad. He kept saying, “Please, God. Please, God.” Over and over. Like it meant something. He was so sincere about it, I thought it might work. Then two minutes later he was dead. There wasn’t a thing I could do about it. When I looked into his eyes… There was nothing there. Nothing. That’s when I realised that… This is it.
Deacon – It’s funny.
Gould – What can possibly be funny about that?
Deacon – No, I don’t mean “funny” funny. It’s … It’s just that… We were just outside Sainte-Mère-Eglise. We were getting pounded pretty hard. And I was holding this kid on my lap and he was shot up pretty good. And I remember him praying. And I was praying, too. And all of a sudden he was gone. And that was… That was it, really. That was the first time that I really watched somebody die. But right then I knew that he was in a better place than that.
Gould – How convenient for you.
Deacon – Convenient? That’s what I was thinking about what you said. Funny, huh?

26 maio 2008

Guardanapos – último episódio

Dois Sainsbury's passados a pente fino e nada. O LIDL, esse milagre que fez as minhas delícias no InterRail, localiza-se a milhas da minha área de residência. Sem mais nenhuma solução em vista, restava-me sucumbir aos guardanapos "chiques a valer" do Waitrose.

Mas não! Eis que uma leitora caridosa, de seu nome Laidita, resolveu abrir os olhos do Mise en Abyme para uma nova realidade: Sainsbury's online grocery store.

Visa numa mão, rato na outra e… Ei-los, à porta de casa, misturados entre detergentes e bolachas.

E a vida em Londres nunca mais será a mesma.

The end

Surpresas que chegam pelo correio

Muito obrigada!

23 maio 2008

Triste conclusão

Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer. Um sujeito entra na estação do metro, vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, na hora de ponta matinal.
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Durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes. Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas, num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares. Alguns dias antes Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares.
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A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, telemóvel no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre context, perception and priorities.
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A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto. (Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefacto de luxo, sem etiqueta de marca.)
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E um obrigada especial ao ToMane por me ter reencaminhado este e-mail!

18 maio 2008

Cidade nova, escritora nova

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Another day is another world. The difference between foreign countries is never so great as the difference between night and day. Not only are the landscape and the light changed, but people are different, relationships which the night before had progressed at a sudden pace, appear to be back where they were. Some hopes are renewed, but others dwindle: the state of the world looks rosier and death further off; but the state of ourselves and our loves and ambitions seems more prosaic. We begin to regret promises, as if the influence of darkness were like the influence of drink. We do not love our friends so warmly: or ourselves. Children feel less need of their parents: writers tear up the masterpiece they wrote the night before.
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A Game of Hide and Seek, p. 28
Elizabeth Taylor

Stuck in the middle with you

Reservoir Dogs – e a perfeição existe

17 maio 2008

Homenagem à beleza etérea – IX



Monica Vitti. Depois de Liv Ullmann, Claudia Cardinale, Jacqueline Bisset, Bibi Andersson, Saffron Burrows, Inés Sastre, Eva Green e Faye Dunaway. Perfeita como uma peça de mármore. Esculpida, feição a feição, como uma obra-prima.

15 maio 2008

Guardanapos – a saga continua


Depois de o prezado Vodka e Valium 10 ter referido que havia guardanapos à venda nos supermercados Sainsbury's, lá fui eu, crente e ansiosa, à caça dos ditos. Assim que entrei, deparei-me com os mesmos Kleenex's de sempre. Uma coisa é assoar o nariz, outra, bem diferente, é limpar a boca à medida que jantamos. Parece que os londrinos não percebem isto.
A boa notícia é que encontrei guardanapos num Waitrose. Quer dizer, não eram propriamente guardanapos vulgares. Assemelhavam-se mais a guardanapos festivos, com flores e riscas estampadas, e custavam os olhos da cara. Assim, a minha busca continuará.

Resultados até agora:

Tesco – 0
Marks & Spencer – 0
Sainsbury’s – 0
Waitrose – 1

13 maio 2008

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades



Cine Texas (Galinheiras)

Eden (Restauradores)
São Jorge (Avenida da Liberdade)
Garrett (Póvoa de Varzim)
Condes (Avenida da Liberdade)
Império (Alameda D. Afonso Henriques)
Roma (Avenida de Roma)
Monumental (Saldanha)
Alvalade (Avenida de Roma)
Nimas (Avenida 5 de Outubro)
Apolo 70 (Campo Pequeno)
Quarteto (Rua Flores de Lima)
Star (Avenida Guerra Junqueiro)
Castil (Rua Castilho)
SLB (Benfica)
A primeira vez que recebi um e-mail com estas fotografias foi em Setembro do ano passado, através do Hugo. Nessa altura, guardei-o, muito bem guardadinho, nos arquivos do meu computador. Agora, passados oito meses, volto a receber o mesmo e-mail, através de um outro cinéfilo. A diferença é que já não resisto a partilhar estas imagens com os leitores do Mise en Abyme.
Só lamento que não haja nenhum registo fotográfico dos cinemas Alfa, no Areeiro. Foram um marco na minha infância. Ainda me lembro de passar por lá e de ver os funcionários a trocarem as letras das estreias.

06 maio 2008

Lisboa aqui tão perto

Vida(s)

Há aspectos admiráveis neste povo inglês que se passeia pelas ruas de Londres. Muitas inglesas, por exemplo, não têm pejo nenhum em andarem overdressed pelo metro, autocarros e ruas. Esteja um bonito dia de sol ou um frio de rachar, é vê-las, altas ou baixas, magras ou gordalhufas, com um decote até ao umbigo, mangas cavas e, a cereja no topo do bolo, sandálias de salto alto.
As crianças, por sua vez, passeiam de trela. Literalmente. Os pais controlam-nas através de uma trela presa na barriga e dão-lhes pouquíssimo espaço de manobra. Já os homens ganham aos pontos. Regra geral, conservam aquele ar de Sir e têm qualquer coisa de aristocrático nos gestos.
O mais engraçado, para uma outsider como eu, é constatar o quão obediente é este mesmo povo que se deixa conduzir por uma série de regras e avisos afixados em qualquer canto londrino. Stay on the right side, mind the gap, olhe para a esquerda, no way, não coma alimentos com cheiro intenso, não ouça música alta, não alimente os patos. E não pense o incauto leitor que isto é uma crítica negativa. Pelo contrário.

Após três semanas longe de Portugal, e apesar de saber que os lisboetas andam felizes da vida a chapinhar no Guincho e na Costa, devo dizer que a cadeia HMV tem realizado muitos dos meus sonhos. Parece mentira que se possam comprar três dvd’s por cinco libras, não parece? Mas não é. E três dvd’s que são American History X, Analyze This e, a grande revelação desta semana, The Wind That Shakes the Barley, vencedor da Palma de Ouro em Cannes 2006. Good Lord!

P.S. A única coisa que, até agora, me aborrece é não encontrar guardanapos em lado nenhum. Já fui a três supermercados diferentes – Tesco, Marks & Spencer, Waitrose – e nada! Pior do que não encontrar guardanapos à venda, é ter de aturar os funcionários, sempre simpáticos e disponíveis, a impingirem Kleenex's como se fossem guardanapos… Please…

02 maio 2008

A filha deles

Linn Ullmann (1966, Oslo) é uma das jornalistas mais conceituadas da Noruega e uma escritora de sucesso. Filha de Liv Ullmann e de Ingmar Bergman.

Scarlett Johansson sings...