28 julho 2008

Girls just want to have fun

Para a Mary, a minha dançarina preferida.

21 julho 2008

Procura-se uma identidade

I just don't know what I'm supposed to be.
Charlotte, Lost in Translation (2003)
-
Jane Campion controla-nos de maneira tão habilidosa que começamos a ver Holy Smoke como quem está a assistir a uma comédia de costumes, baseada em mais uma família problemática.
O engano persiste, sequência após sequência, de tal forma que, quando conhecemos a personagem de Harvey Keitel, convencemo-nos de que estamos a ser espectadores de uma espécie de duplicação do “Homem – SOS” de Pulp Fiction.

Kate Winslet é Ruth Barron, uma jovem mulher procurando por si mesma, pela sua essência, por aquilo que deve ser, que tem de ser, que quer ser. E, por entre dúvidas, a certeza de que é lasciva, de que quer amar e desejar; de que quer ser amada e desejada.
No episódio dos documentários, naquela mesma sequência em que a família está toda presente e há uma ovelha a servir de mesa para umas tigelas com pipocas, Ruth, depois de perceber que o pretenso guru se envolveu com a cunhada, levanta-se e refugia-se na casa de banho. Não porque a mensagem dos vídeos a tenha atingido, mas sim porque, mais uma vez, foi rejeitada. Todo o amor que, supostamente, existe dentro dela, provocado pelo culto hindu, não serve de nada quando ela se sente vazia e sem interesse. O guru preferiu a pirosa que se pavoneia de madeixas nos caracóis e calções minúsculos. O guru, tal como Ruth sabia, escolheu a “little Barbie doll”. O orgulho de Ruth está ferido. Ela é, afinal, a mulher rejeitada que põe tudo em causa, porque, na verdade, de nada serve. E será mesmo assim? Não, não é.
Ruth estava enganada e não previu que se iria transformar no único guru do filme. Um guru sexual, chamemos-lhe assim, que subjuga o homem até ao limite. Até ao ponto de este mesmo homem, habitualmente de calças de ganga e botas de cowboy, surgir no deserto de vestido encarnado, suplicando Be my bride, I love you.
Holy Smoke vive de sobressaltos, de mal entendidos, de seres primários e de seres sombrios. No meio do nada, algures na Austrália, uma mulher e um homem jogam com as consciências um do outro, indo até ao limite da perversidade, da angústia e do prazer. Agarrados a desejos que não compreendem, anseiam por atingir alguma certeza sobre si próprios.
(E não estaremos muito longe da verdade se compararmos estas almas ingénuas e sedentas de afecto a outras duas almas: Charlotte e Bob Harris.)

20 julho 2008

Summer Evening Walk

A tarde e a noite de Sábado foram passadas em Richmond Park, num passeio dedicado a mochos, árvores com mais de quatrocentos anos, morcegos e veados. Os guias ingleses, dois entusiastas da natureza, não pouparam esforços para que todos estivessem satisfeitos.
Absolutamente bestial e, pasmem, gratuito.








17 julho 2008

14 julho 2008

Frasier

Para acrescentar a esta lista.

E um forte aplauso para o senhor ali do canto que não tem papas na língua e gosta de Californication.

Isto sim, é um filme de Verão!

Bem ao gosto da silly season, Mamma Mia! decorre numa ilha grega, com marés irresistíveis, céu azul, corpos queimados, cabelos longos e inúmeras canções dos ABBA. Todo o estilo pop e kitsch dos suecos corporalizado por Meryl Streep, Pierce Brosnan e Colin Firth num filme verdadeiramente divertido, em que os actores parecem estar radiantes por participarem nesta grande festa. Sim, porque Mamma Mia! deve ser encarado como um enorme festejo, daqueles com porteiros à porta que só estão autorizados a facilitar a entrada aos verdadeiros apreciadores dos ABBA.

Li algures que este festim de gargalhadas e boa disposição estreará em Portugal no princípio de Setembro. Preparem-se porque, depois do filme, fica-se com uma vontade frenética de saltar para cima de uma mesa e desatar a dançar como se não houvesse amanhã.

09 julho 2008

Notas soltas

Em Londres há chuva. Em Lisboa há sol. Em Londres há parques. Em Lisboa há praias. Em Londres há miúdas com problemas de pele. Em Lisboa há miúdas com salero. Em Londres há mercado para boas ideias. Em Lisboa as coisas não mexem. Os londrinos cuidam da cidade. Os lisboetas destroem a cidade com latas de tinta em spray. Em Lisboa há calçada portuguesa. Em Londres há um pavimento incolor. Em Lisboa há lixo pelas ruas. Em Londres está tudo limpo. Em Lisboa os transportes públicos não funcionam. Em Londres não se desespera por um autocarro. Em Lisboa há boas vibrações pelo ar. Em Londres há más vibrações pelo ar. Em Lisboa, os homens das obras são ordinários. Em Londres, os homens das obras são educados. Em Lisboa ninguém respeita regras. Em Londres quase todos cumprem as regras. Há cada vez menos comércio independente em Lisboa. Há cada vez mais comércio independente em Londres. Em Lisboa, os funcionários públicos não fazem nenhum. Em Londres, os empregados de uma estação de correios são trabalhadores incansáveis. Em Lisboa come-se bem em qualquer lado. Em Londres não se come bem em qualquer lado. Em Lisboa respira-se um ar saudável. Em Londres respira-se um ar inóspito. Em Lisboa paga-se para entrar em museus. Em Londres não se paga para ver obras-primas. Em Julho, os lisboetas têm calor. Em Julho, os londrinos escondem-se dos trovões. Lisboa é a minha cidade do coração. Londres é a cidade onde me sinto uma cidadã do mundo.

06 julho 2008

Ecrã versus “vida real”

Dias depois de ter escrito sobre Pi e de ter publicado uma fotografia do realizador e da mulher, dou por mim a tropeçar na actriz Rachel Weisz. Incrivelmente simples, cabelo ondulado, calças de ganga e pernas magras. Uma epifania, diria mesmo.

04 julho 2008

Conhece-te a ti mesma

Viver em modo inglês

- Andar à chuva e já nem me aperceber,

- Sair à noite de manga curta e não ter frio,

- Tomar duche sem pressão e não me importar.

Um beijinho à tia Romy, de Romy Schneider, e ao João.