28 janeiro 2008

Novo Ano, New Look

She's the one

Deixo-vos aqui, à laia de desculpa por mais um desaparecimento, uma sequência do último grande filme que vi. Brick não é uma obra-prima, nem um portento de realização ou de montagem. Nem precisa de ser. Aplaudido em Sundance, bastou-lhe a condição de objecto negro e macabro.

Num mundo de estudantes de liceu, subsistem criaturas quase etéreas que parecem ter saltado do cinema noir mais genuíno para a modernidade americana dos anos 90.
E esta menina – mulher – vilã, de seu nome Nora Zehetner, que vêem na fotografia e ao piano, nasceu para desempenhar o papel de Laura.

08 janeiro 2008

Definitivamente “vida nova”



Douglas Sirk / 1959

Em exibição no Nimas

06 janeiro 2008

Ano novo, vida nova

Venho tarde e a más horas mas creio que ainda é tempo de comemorar o terceiro aniversário do meu dilecto Mise en Abyme. O atraso deveu-se à falta de vontade com que tenho andado para escrever sobre 2007. Houve demasiados momentos de tristeza e de desilusão para que consiga olhar para trás com agrado.
Lembro-me de ter ido ver a peça Boneca que esteve na Sala Estúdio do Teatro Nacional de Dona Maria II. Nora Helmer, personagem das mais conhecidas da dramaturgia de Henrik Ibsen, pede dinheiro emprestado a quem não deve e forja uma assinatura para impedir que o marido morra de uma doença grave. Mais tarde, quando o marido descobre aquilo que Nora fez, reage colericamente e engendra vários planos para impedir que os actos da mulher prejudiquem a sua honra e a ascensão profissional por que lutou. Este marido, claro está, não compreendeu e não valorizou o facto de Nora ter agido por amor e, pior do que isso, ignorou a vontade e os propósitos da mulher.
No fim da peça, ainda batia palmas aos actores e a minha cabeça já estava longe, algures em 1963, observando a Camille de Le Mépris. Lá estava ela, exactamente no momento em que Paul a usa, a desrespeita e, por fim, a abandona. Precisamente no momento em que Camille desenvolve o desprezo fruto da desilusão. E não estou a mentir quando escrevo que, depois de sair do teatro, continuei a discorrer até me deparar com uma outra reminiscência, relacionada com o livro Uma História de Amor como outra qualquer de Lucía Etxebarría. A dada altura, num dos contos da autora, conhecemos um casal que certo dia se desmorona. E tudo porque a mulher deste casal descobre, tarde de mais, que há decepções morais que arruínam uma relação.
2007 foi também o ano da morte de Ingmar Bergman e de muitas outras almas superiores. Só isto já seria motivo para decretar luto perpétuo. Mas enfim. Não quero deixar a impressão de que me converti ao pessimismo. 2007, apesar de tudo, trouxe alguns truques na manga. Entre eles, destaco o meu encontro com a série Carnivàle que mencionei ali e aqui e a possibilidade de colaborar no Primeiro Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, mais conhecido como MOTELx.

Também foi o ano em que me tornei leitora compulsiva de textos como este ou este. Foi a ler estes blogues que sempre cresci qualquer coisa.
E bom, quase quase na linha final, apetece-me ainda escrever que 2007 foi também o ano em que visitei a minha primeira cidade fetiche, um melting pot denominado Londres, e em que tive a honra de ser a madrinha de um casamento votado ao sucesso. E isto tudo sem ignorar que também li o último volume da saga Harry Potter e que tal empreitada saciou a minha curiosidade durante todo o Verão.
Agora, acabado este texto, desejo fervorosamente que 2008 seja um ano melhor, muito melhor. Entretanto, vou deitar-me ali na areia à espera que o sol volte.
E UM EXCELENTE 2008 PARA TODOS!