26 abril 2007

Constatação francesa

De facto, O Meu Tio é um objecto de rara depuração formal e, mais do que isso, uma visão crítica do valor social da tecnologia cuja actualidade simbólica não se desvaneceu. João Lopes
É verdade.
Com um humor de infinita subtileza, em tudo e por tudo alheio à lógica da gargalhada grosseira, hoje em dia imposta pelas mais medíocres derivações da stand-up comedy, O Meu Tio constitui, além do mais, a possibilidade de reencontrar um dos grandes mestres do cinema francês. João Lopes
É verdade sim senhor.
Entre a nostalgia e uma aceitação mais ou menos melancólica do "presente" nasce o magistral burlesco de "O Meu Tio". A desarrumação da ordem, a orquestração da desordem. Do "gag" minimalista ao maximalista, "O Meu Tio" contém alguns dos mais clássicos momentos do humor "tatiano". É começar a contá-los. Não há nada de remotamente parecido com isto em lado nenhum, o burlesco (e toda a comédia, se calhar) é uma tradição morta. Luís Miguel Oliveira
Concordo em absoluto.
(Mas também é verdade que não me consigo rir tanto como gostaria. Sempre me pareceu que este é um humor para apreciar e não para rir.)

4 comentários:

Francisco Valente disse...

Também concordo.
Um dos filmes da minha vida, e visto numa sala a desfazer-se a rir, o que é uma experiência sempre única. Tinha um tipo atrás de mim que se ria com cada barulho. Ou seja, permanentemente. A sala calava-se, e ouvia-se lá atrás "e-he-he-he-he". Aí está todo o génio cómico e sonoro de Tati.

Ric1983 disse...

Bom post, Mafalda. Parece haver uma certa confusao entre humor de Chaplin e humor de Tati na cabeca de muito publico que nao quer parecer "mal".
Podes achar extraordinario mas a unica vez que vi um filme de Tati com um publico honesto, foi com um grupo de criancas algo barulhentas.

Prefiro ver Tati no conforto do meu lar.

Hugo disse...

Ora nem mais: "para apreciar e não para rir". E dos filmes do M. Hulot, talvez tenham escolhido o menos conseguido para repor. Enfim, melhor do que nada. (incluo aqui Traffic, uma encomenda para a televisão sueca).

Anónimo disse...

Desde a primeira vez que o vi no cinema, há muitos, muitos anos, até hoje (com várias visualizações em vídeo) é um dos filmes da minha vida. Ainda bem que o voltaram a repor num ecrã condigno. Simplesmente fantástico!!! ;o)