Novamente Bergman. Porque nunca é demais escrever sobre ele, especialmente se acabámos de sair da Cinemateca depois de uma sessão de O Sétimo Selo. A omnipresença de Bengt Ekerot, recolhendo vidas através do seu manto negro, conduziu-nos até à morte espiritual de Persona e fez com que recordássemos o caminhar célere da vida de Morangos Silvestres e o ressuscitar amedrontado de Lágrimas e Suspiros. Caminhos complexos de percorrer, memórias difíceis de guardar.
Fomos testemunhas de um recital de sombras orquestrado pela morte. Porém, sentimo-nos consolados porque acreditamos que haverá sempre leite e morangos para partilhar. Vencendo a peste e o medo, assistimos ao renascer da esperança através de uma Bibi Andersson de longos cabelos louros, acompanhada pelo marido e filho numa espécie de presépio celestial.
E foi assim que, por esta vez, Ingmar Bergman se despediu de nós, espectadores confiantes na busca pelo sentido da vida.
E foi assim que, por esta vez, Ingmar Bergman se despediu de nós, espectadores confiantes na busca pelo sentido da vida.
E, assim, as Lágrimas e Suspiros se desvanecem.
2 comentários:
Depois de ler estas linhas, só me apetece citar uma das frases do "Der Himmel über Berlin":
"Schön!"
:)
Em vez do Sétimo Selo, fui ver o Cat People do Tourneur. Já tinha ido ver às 19h o The Lady From Shanghai, e ainda por cima como estava de ressaca, não me estava a apetecer um filme muito pesado, e dava-me mais jeito a sessão ser às 22h. Arrependi-me no momento em voltei a entrar na sala pequena. Ainda por cima tinha visto os Morangos Silvestres na Nova na 4ª... de que gostei muito. Tenho sempre o DVD para compensar. Não é a mesma coisa, mas que remédio.
Enviar um comentário