29 março 2006

E agora...

O Mise en Abyme tem o prazer de apresentar
a mais recente produção independente
(E se quiserem ser realizadores por uns instantes, cliquem aqui.)

27 março 2006

Homenagem à beleza etérea - IV

Bibi Andersson
(Talvez nunca a tenhamos visto tão perfeita como em O Sétimo Selo.)

A morte aqui tão perto

Novamente Bergman. Porque nunca é demais escrever sobre ele, especialmente se acabámos de sair da Cinemateca depois de uma sessão de O Sétimo Selo. A omnipresença de Bengt Ekerot, recolhendo vidas através do seu manto negro, conduziu-nos até à morte espiritual de Persona e fez com que recordássemos o caminhar célere da vida de Morangos Silvestres e o ressuscitar amedrontado de Lágrimas e Suspiros. Caminhos complexos de percorrer, memórias difíceis de guardar.
Fomos testemunhas de um recital de sombras orquestrado pela morte. Porém, sentimo-nos consolados porque acreditamos que haverá sempre leite e morangos para partilhar. Vencendo a peste e o medo, assistimos ao renascer da esperança através de uma Bibi Andersson de longos cabelos louros, acompanhada pelo marido e filho numa espécie de presépio celestial.
E foi assim que, por esta vez, Ingmar Bergman se despediu de nós, espectadores confiantes na busca pelo sentido da vida.

E, assim, as Lágrimas e Suspiros se desvanecem.

23 março 2006

Quando o talento é descoberto



Presley Chweneyagae



Terry Pheto

Façamos figas para que Tsotsi não seja o primeiro e último filme em que estes actores puderam fazer uso do seu enorme talento. O cinema só tem a ganhar com rostos como estes, capazes de transmitir tudo através de uma enorme economia de palavras e de gestos. E nós também.

Parabéns pelo Óscar!

Proposta de discussão - XV





Se Viggo Mortensen se tivesse ficado pela incursão no imaginário de J.R.R. Tolkien, guardaríamos para sempre a recordação do grande Aragorn, herói como poucos. Porém, Viggo Mortensen seguiu em frente e tornou-se protagonista de um filme de David Cronenberg.
Surge então a dúvida: estará Viggo Mortensen à altura de ser o actor principal de um filme como A History of Violence? Pergunto isto porque também recordo a sua prestação em The Portrait of a Lady e sou da opinião de que Viggo Mortensen não tem a versatilidade e o carisma necessários para ser um grande actor.
Qual a vossa opinião?

22 março 2006

INDIELISBOA 2006

A pouco mais de um mês do início da 3ª edição do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa - começam a ser revelados alguns dos títulos a exibir durante o festival.
Para todas as informações sobre este evento cultural, clique aqui.

17 março 2006

Dia de imitações

Hoje sinto-me como a Emmanuelle Béart...



Dizem que a imitação é a melhor forma de elogio. Cliquem aqui para verem a ideia original.

Maxime



Proposta retirada daqui.

Por curiosidade...

Como qualifica o cinema português?
Cada vez melhor
Com elencos desadequados
Depressivo
Destituído de qualidade
Divertido
Francamente bom
Indiferente
Monótono
O Pátio das Cantigas é que era!
Original
Tecnicamente problemático
Um risco de tempo e de dinheiro
Uma cópia caricata do cinema estrangeiro
Único
Free polls from Pollhost.com

13 março 2006

Mais cinema gratuito

" O Núcleo de Programação Cinematográfica da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, no seguimento do trabalho de produção elaborado nos últimos três anos nos ciclos de cinema Buster Keaton, Yasujiro Ozu e Westerns de John Ford, irá realizar este ano o Ciclo de Cinema Sonhos e Visões.
Para tal, seleccionaram-se vinte e três filmes de épocas, escolas e realizadores de nacionalidades diferentes para um ciclo que irá ocorrer durante a Semana da Juventude da Câmara Municipal de Lisboa de 14 de Março a 1 de Abril na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e que será de acesso livre ao público em geral.
"
Programação do Ciclo
14 de Março (terça-feira)
Sessão de Abertura:
The Haunted House, Buster Keaton (1922)
Horário: 19h00
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

15 de Março (quarta-feira)
Sonhos, Akira Kurosawa (1990)
Horário: 21h00
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre

16 de Março (quinta-feira)
A Matter of life and death, Michael Powell (1946)
Horário: 14:30h
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

Persona, Ingmar Bergman (1966)
Horário: 21h00
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

17 de Março (sexta-feira)
Deserto Vermelho, Michelangelo Antonioni (1964)
Horário: 21h00
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

18 de Março (sábado)
8 ½, Federico Fellini (1963)
Horário: 21h00
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

20 de Março (segunda-feira)
Sunset Boulevard, Billy Wilder (1950)
Horário: 21h00
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

21 de Março (terça-feira)
Vertigo, Alfred Hitchcock (1958)
Horário: 14:30h
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

Rumble Fish, Francis Ford Coppola (1983)
Horário: 21h00
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B
22 de Março (quarta-feira)
Morangos Silvestres, Ingmar Bergman (1957)
Horário: 21h00
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

23 de Março (quinta-feira)
O Fantasma Apaixonado, Joseph L. Mankiewicz (1947)
Horário: 14:30h
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

Lilith, Robert Rossen (1964)
Horário: 21h00
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

24 de Março (sexta-feira)
Mulholland Drive, David Lynch (2001)
Horário: 21h00
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

25 de Março (sábado)
Sherlock Jr. , Buster Keaton (1924)
Film, Alan Schneider / Samuel Beckett (1965)
Un Chien Andalou, Luis Buñuel / Salvador Dali (1929)
Horário: 21h00
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

27 de Março (segunda-feira)
Brigadoon, Vincent Minnelli (1954)
Horário: 21h00Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

28 de Março (terça-feira)
Laura, Otto Preminger (1944)
Horário: 14h30
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B
Vampyr, Carl Dreyer(1932)
Horário: 21h00
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B
29 de Março (quarta-feira)
The Night of the Hunter, Charles Laughton (1955)
Horário: 21h00
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

30 de Março (quinta-feira)
They Live, John Carpenter (1988)
Horário: 14:30hLocal: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

Blow-up, Michelangelo Antonioni (1966)
Horário: 21h00Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B
31 de Março (sexta-feira)
Janela Indiscreta, Alfred Hitchcock (1954)
Horário: 14:30h
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

Peeping Tom, Michael Powell (1960)
Horário: 21h00
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

1 de Abril (sábado)
Vai e Vem, João César Monteiro (2003)
Horário: 21h00
Local: Auditório 1 - piso 1 da Torre B

10 março 2006

Parabéns George Clooney!



Ontem à noite, após sair da sala de cinema, compreendi finalmente o motivo que levou a Academia a dar o Óscar a George Clooney pelo seu desempenho em Syriana. O motivo verdadeiro foi Good Night, and Good Luck e não o thriller político de Stephen Gaghan. Aliás, Syriana nunca poderia ser razão para nada a não ser para um prolongado bocejo. Durante 126 minutos, assistimos a um argumento confuso e nebuloso em que aquilo que sobressai é um George Clooney gordo e barbudo a dar ares de perspicaz. (Um filme em que o auge só é atingido quando um homem arranca as unhas de George Clooney nunca deveria ser levado a sério.)
Mas regressemos a Good Night, and Good Luck, película escrita e realizada por George Clooney. Depois de o termos visto em filmes de Steven Soderbergh e dos irmãos Coen a usar e a abusar dos seus atributos físicos, sempre preocupado com o potencial de um sorriso apontado para a câmara, foi quase surpreendente ver um George Clooney que põe de lado o charme e dá consistência à personagem Fred Friendly. E, como se não bastasse termos um George Clooney a trabalhar como actor, também temos um George Clooney responsável por um dos melhores filmes estreados em 2006.
McCarthy e a sua “caça às bruxas” surgem assim num filme de interiores, condensado e inteligente, cuja opção do preto e branco realça os contornos dos fumos e dos corpos que se movimentam na arriscada tentativa de expor a verdade fazendo uso de um programa de televisão. Filme de homens, brindado aqui e ali pelo talento de uma cantora e pela sensatez de uma funcionária da CBS, poderíamos encará-lo como contrário à noção de misoginia, na medida em que as poucas aparições femininas constroem uma imagem da mulher independente, habilidosa e respeitável.
David Strathairn, num desempenho tão incisivo e subtil que conseguiu abalar as nossas convicções quanto à vitória absoluta de Philip Seymour Hoffman, começa e termina este filme com um discurso sobre o papel que o jornalismo televisivo deve desempenhar na sociedade. Ao ouvirmos as suas palavras, apercebemo-nos da inegável actualidade e importância deste tema e temos vontade de rir quando os apoiantes de Crash reclamam direitos de vencedor. Crash e as suas personagens planas não trouxeram nada de novo às nossas reflexões. Já Good Night, and Good Luck conseguiu transportar-nos para um tempo em que havia pessoas a arriscarem quase tudo pela verdade. E é neste tempo que queremos viver quando saímos da sala ao som de
" It’s quarter to three,
There’s no one in the place ’cept you and me
So set ’em’ up joe
I got a little story I think you should know
We’re drinking my friend
To the end of a brief episode
So make it one for my baby
And another one for the road "

06 março 2006

Combatendo a desilusão

Depois de duas desilusões, os filmes vistos no Fantas e a maior parte dos Óscares atribuídos na noite passada, focarei a minha atenção no talento e na beleza de quem me tem surpreendido pela positiva.
Rachel Weisz
Kelly Reilly

02 março 2006

Há planos assim - VII



E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

David Mourão-Ferreira