Há aspectos admiráveis neste povo inglês que se passeia pelas ruas de Londres. Muitas inglesas, por exemplo, não têm pejo nenhum em andarem overdressed pelo metro, autocarros e ruas. Esteja um bonito dia de sol ou um frio de rachar, é vê-las, altas ou baixas, magras ou gordalhufas, com um decote até ao umbigo, mangas cavas e, a cereja no topo do bolo, sandálias de salto alto.
As crianças, por sua vez, passeiam de trela. Literalmente. Os pais controlam-nas através de uma trela presa na barriga e dão-lhes pouquíssimo espaço de manobra. Já os homens ganham aos pontos. Regra geral, conservam aquele ar de Sir e têm qualquer coisa de aristocrático nos gestos.
O mais engraçado, para uma outsider como eu, é constatar o quão obediente é este mesmo povo que se deixa conduzir por uma série de regras e avisos afixados em qualquer canto londrino. Stay on the right side, mind the gap, olhe para a esquerda, no way, não coma alimentos com cheiro intenso, não ouça música alta, não alimente os patos. E não pense o incauto leitor que isto é uma crítica negativa. Pelo contrário.
Após três semanas longe de Portugal, e apesar de saber que os lisboetas andam felizes da vida a chapinhar no Guincho e na Costa, devo dizer que a cadeia HMV tem realizado muitos dos meus sonhos. Parece mentira que se possam comprar três dvd’s por cinco libras, não parece? Mas não é. E três dvd’s que são American History X, Analyze This e, a grande revelação desta semana, The Wind That Shakes the Barley, vencedor da Palma de Ouro em Cannes 2006. Good Lord!
P.S. A única coisa que, até agora, me aborrece é não encontrar guardanapos em lado nenhum. Já fui a três supermercados diferentes – Tesco, Marks & Spencer, Waitrose – e nada! Pior do que não encontrar guardanapos à venda, é ter de aturar os funcionários, sempre simpáticos e disponíveis, a impingirem Kleenex's como se fossem guardanapos… Please…