A premissa – Um escritor num regime totalitário é interrogado acerca do conteúdo grotesco dos seus contos e das suas semelhanças com uma série de homicídios infantis que estão a acontecer na sua cidade.
O autor – Martin McDonagh nasceu em 1970, em Londres. Em 2003 escreveu The Pillowman, peça galardoada com o Prémio Lawrence Olivier no ano seguinte.
O encenador – Tiago Guedes nasceu em 1971. Estreou-se na longa-metragem em 2005 com Coisa Ruim. É realizador de inúmeros telediscos e ganhou vários prémios em festivais nacionais e internacionais.
Algumas perguntas – Qual a responsabilidade de um artista pelo seu trabalho? Pode um artista ser culpado pelos sentimentos que o seu trabalho provoca? E se alguém agir segundo esses sentimentos, quem é o responsável afinal?
O autor – Martin McDonagh nasceu em 1970, em Londres. Em 2003 escreveu The Pillowman, peça galardoada com o Prémio Lawrence Olivier no ano seguinte.
O encenador – Tiago Guedes nasceu em 1971. Estreou-se na longa-metragem em 2005 com Coisa Ruim. É realizador de inúmeros telediscos e ganhou vários prémios em festivais nacionais e internacionais.
Algumas perguntas – Qual a responsabilidade de um artista pelo seu trabalho? Pode um artista ser culpado pelos sentimentos que o seu trabalho provoca? E se alguém agir segundo esses sentimentos, quem é o responsável afinal?
Os leitores mais atentos aqui do Mise en Abyme decerto se lembrarão de uma proposta de conversa que versava sobre o filme das nossas vidas. Apesar de a utilidade e a finalidade de um bate-boca desses serem sempre discutíveis, a verdade é que os visitantes cá da casa aderiram e houve respostas surpreendentes. Pois bem. Creio que ontem foi a noite para assistir à “peça de teatro da minha vida”.
Não sou uma frequentadora assídua de teatro, daquelas que acompanham todas as peças e conhecem o trabalho de todas as companhias e grupos. No entanto, tento ir frequentemente ao teatro e tenho algumas experiências insubstituíveis. Ainda hoje recordo a expressão do Virgílio Castelo, perdido de amores pela diva, no Encontro com Rita Hayworth do Teatro Aberto. Também revivo, com muita emoção, o Tiestes de Luís Miguel Cintra e a voz do Diogo Dória a ecoar por toda a Cornucópia.
Sempre gostei de enredos perversos, capazes de nos fazer aceitar e até de nos fazer compreender os actos mais violentos. Talvez por isso, tenha gostado tanto de The Pillow Man. Mas há mais. Tive a sorte de ficar na primeira fila, frente a frente com quatro actores colossais e frente a frente com uma encenação como nunca antes tinha visto – não esquecerei aqueles azulejos brancos, assim como não esquecerei a chuva verde.
Lembro-me de ter pensado, depois de ter visto o Coisa Ruim, que estávamos na presença de um homem que parecia nada temer. Esse homem chama-se Tiago Guedes. Com o mesmo à vontade com que realizou uma das mais inquietantes histórias portuguesas, sem precisar de recorrer aos clichés paranóicos de tantos realizadores da nossa praça, envolveu-se agora, sem recear consequências, na encenação de um texto perigoso. Porquê perigoso? Porque talvez ainda haja muita gente que não está preparada para enfrentar a verdade que é exposta por Katurian, todo bondade e frontalidade e, ao mesmo tempo, todo perversidade e brutalidade.
Lembro-me de ter pensado, depois de ter visto o Coisa Ruim, que estávamos na presença de um homem que parecia nada temer. Esse homem chama-se Tiago Guedes. Com o mesmo à vontade com que realizou uma das mais inquietantes histórias portuguesas, sem precisar de recorrer aos clichés paranóicos de tantos realizadores da nossa praça, envolveu-se agora, sem recear consequências, na encenação de um texto perigoso. Porquê perigoso? Porque talvez ainda haja muita gente que não está preparada para enfrentar a verdade que é exposta por Katurian, todo bondade e frontalidade e, ao mesmo tempo, todo perversidade e brutalidade.
Peças destas são marcos nas nossas vidas. Peças destas fazem-nos ter coragem para observarmos o ser humano de uma outra perspectiva. Em suma, peças destas fazem-nos perceber que vivemos na fronteira entre o bem e o mal, sempre a escorregar para ambos os lados. (E o "meu" Bergman anda aqui tão perto...)
Por isto, sugiro (ordeno!) que vão ao Teatro Maria Matos. (Lembrem-se de que o teatro tem o lado sedutor de ser irrepetível e não percam The Pillow Man.)
3 comentários:
Uma grande peça! as interpretações são excelentes e o texto também é muito bom pois levanta questões importante sobre o acto criativo.
Aqui está uma ordem que deve ser obedecida por todas as pessoas.
Achei piada à referência aos azulejos brancos. É extraordinário como é em pequenos pormnenores que tudo se torna mais real.
The Pillow Man é a peça mais perfeita que já assisti, e não me canso de falar sobre ela.
Parabéns pelos conteúdos!
Caro ensaio,
Muito obrigada pela visita e pelo comentário. (E só posso concordar: "The Pillow Man é a peça mais perfeita que já assisti, e não me canso de falar sobre ela.")
Até breve!
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