27 setembro 2005

Estreia aguardada


" Passaram 193 dias desde que Alice foi vista pela última vez. Todos os dias Mário, o seu pai, sai de casa e repete o mesmo percurso que fez no dia em que Alice desapareceu. A obsessão de a encontrar leva-o a instalar uma série de câmaras de vídeo que registam o movimento das ruas. No meio de todos aqueles rostos, daquela multidão anónima, Mário procura uma pista, uma ajuda, um sinal... A dor brutal causada pela ausência de Alice transformou Mário numa pessoa diferente mas essa procura obstinada e trágica é talvez a única forma que ele tem para continuar a acreditar que um dia Alice vai aparecer. "
Premiada em Cannes, Alice, primeira longa-metragem de Marco Martins, estreia nas nossas salas no dia 6 de Outubro. Deixo-vos com a sinopse do argumento e com o convite para visitarem o site. Lembrem-se de que o elenco possui nomes como o de Beatriz Batarda e de que a música pertence a Bernardo Sassetti.
Vão ver e encontramo-nos por cá!

6 comentários:

Fuazona disse...

Ah! Também pertences ao clube de fãs do José Cid, está tudo explicado. =D
Parece interessante o filme, nunca tinha ouvido falar! O que é bastante estranho, visto que tenho um amigo a estudar para realizador, completamente obcecado por cinema, que não fala noutra coisa a não ser filmes. Obrigado pela oportunidade de ser eu a dar-lhe a novidade, para variar! :)

Anónimo disse...

Um filme que nos toca. É a melhor caracterização que posso dar a este filme. Fui vê-lo ontem e, sinceramente, fiquei bem impressionado. Foi um passo na direcção certa para o cinema português :)
Achei um filme sólido, bem conseguido, a história flúi com naturalidade e o sentimento de ansiedade, tristeza e inevitabilidade cresce a cada momento que passa. Em termos de efeitos sonoros e visuais também achei de superior qualidade, com uma fotografia muito boa e uma banda sonora muitíssimo adequada!

Obrigado Mafalda por nos teres chamado a atenção para este filme pois, se não fosses tu, acho que nem tinha dado por ele.

Mafalda Azevedo disse...

Olá Ticha e JTC!

Acabo de chegar do cinema King, onde pude assistir ao filme Alice. Apesar das expectativas e das críticas positivas, fiquei surpreendida com aquilo que vi. Marco Martins assina um assombro cinematográfico e um troféu para o cinema português.
Escreve-se por aí que este jovem realizador filma a ausência, a esperança e a obsessão. Concordo mas penso que o grande trunfo de Alice está no apostar em travellings e panorâmicas devastadores, preterindo o recurso ao diálogo. Aliás, este controlo da expressão oral tem como resultado que os poucos diálogos deste filme sejam verdadeiramente comoventes e credíveis. Os meus parabéns a Beatriz Batarda e a Nuno Lopes, dono de uma flexibilidade corporal nada comum no nosso cinema.
Quanto ao resto (que está longe de ser pouco), não me lembro de outro filme que mostrasse Lisboa como Alice o faz. A nossa Lisboa, molhada por uma chuva incessante, surge como a companheira de Mário na sua procura incansável. E por falar em Mário, terei de louvar igualmente a construção desta personagem que oscila entre a sinceridade da sua dor e o fingimento inerente à sua profissão.

Esquecendo outros "sucessos" portugueses, como o último de Miguel Gomes, abracemos este Alice de Marco Martins e aguardemos pelas próximas obras. Conseguirá Marco Martins realizar outra película em que tudo, até a música, transpire tanta qualidade e sensibilidade?

Anónimo disse...

Mafalda,

Este teu comentário faz-me ir ver o filme.


Jorey

Anónimo disse...

Na passada quinta-feira, sem aulas e sem companhia, decidi ir, pouco depois de almoço, até aos cinemas do Monumental Residence ver Alice. Saí de lá mexido por dentro, orgulhoso por fora. O filme é magnífico de tão frio que conseguiu deixar-me.

Há uma série de elementos que gosto de encontrar num filme que depois me fazem ficar com ele na mente por tempo indefinido. Existem alguns casos em que, sem dúvida, essa conjugação se proporcionou. Falo dos meus filmes preferidos.

Pois bem, Alice entrará para essa lista de filmes. Mas o que torna o filme especial é que estende a série de elementos procurados por mim num filme. Falo da língua portuguesa e dum espaço tão evidentemente português como Lisboa.

Se até hoje havia um pequeno preconceito com a língua lusitana e espaços portugueses na tela, Alice vem contrariar tudo isso. Eis, a tão esperada prova de que somos capazes de ser tão bons quanto os outros, venham eles de onde vierem.

Caríssima Mafalda, não podia acabar este comentário e crítica ao filme sem um agradecimento pela sugestão d'Alice. Muito obrigado. Levei duas semanas a pôr o pé no cinema por aquele filme, mas acabei por fazê-lo.

P.s.: Se no cinema Nimas (Avenida 5 de Outubro) ainda estiver o Aurora (1927) e não tiveres visto, aproveita para ver esse clássico.

Abraço.

Anónimo disse...

Alice dói, macera antes de se deixar amar.
Entre tantas coisas que é, vou lembrá-lo como um exercício que questiona a forma como cada um lida (com) a morte.
Como o Mário, pensando que a enfrenta, recusando-a, ou como a Luísa que devastada, se deixa morrer, ainda que animicamente, pela morte que sabe que colheu a sua filha ( a morte é afginal O desaparecimento), porque a morte tem disto de consigo trazer outras mortes atrás.
A morte ainda quem sem corpo é a carne que mais tempo se demor a esquecer. Tudo o que ceifou só a memória (uma lente e as lentes distorcem e afastam)permite lembrar e, às vezes, parece, resgatar.