15 maio 2005

Hannah and Her Sisters



"The only absolute knowledge attainable by man is that life is meaningless.” Leo Tolstoy
Neste filme digno de um conto russo, testemunhamos o Homem perdido no seu absurdo. É essa a sua realidade. O pesar da sabedoria que questiona tudo, até nós próprios ou qualquer acto superior de poder e de criação, estamos sozinhos num quotidiano de angústia - questionar os laços que nos rodeiam, que nos formam, os caminhos que escolhemos, as opções que tomamos, as relações que desfazemos.
Na tentativa de encontrar em vão o significado de alguma coisa, o Homem na solidão é o que vive nos limites, no perigo consciente da sobrevivência. Perdido no espaço infinito e sem fronteiras do Universo, tomar um lugar torna-se numa missão condenada e desprovida de sentido. Tudo o que tenha vida acaba, eventualmente, destruído.
Mas o Homem vive por distracções. E acaba por criar as suas próprias ficções. Tanto por ilusões positivas de espiritualidade, por laços de estatuto social, pelas raízes da sua família, pelo refúgio criativo da arte. Ou pela casualidade das suas relações. Restam-nos os momentos doces que surgem, como por acaso, ou por sorte. "Lucky I ran into you".
E o que o leva à loucura, ou à irracionalidade de actos de infidelidade? Tal apenas corresponde à sua natureza violenta, de destruição, de por fim a tudo, sem base ou sentido a que se possa agarrar. Instável como ela é, egoísta vive assim o Homem.
Mas mesmo no seu ponto mais egocêntrico (von Sydow), acaba sempre por precisar de alguém, do outro, o "inferno", o que não encaixa na sua realidade, a que vive sozinha.
Talvez a conclusão seja não valer a pena procurar compatibilidades, pois essas não existem. E deixarmo-nos levar por pequenos momentos que nos preencham. "In love again".

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