É reconhecido por todos que a literatura e o cinema são formas de arte independentes mas é igualmente reconhecido que podemos estabelecer uma ponte entre ambas. Assim, proponho que reflictamos sobre as inúmeras adaptações cinematográficas que se têm feito com base em livros mediáticos.
Excluindo o facto de os livros serem, na esmagadora maioria das vezes, superiores ao resultado cinematográfico, proponho que recordemos a película O Nome da Rosa de Jean-Jacques Annaud. Neste caso, aconteceu-me ler o romance depois de ter visto o filme e isso teve como consequência visualizar a imagem de Sean Connery de cada vez que o escritor Umberto Eco dava vida ao monge franciscano Guilherme de Baskerville.
Por outro lado, pude ler as aventuras de Harry Potter antes da saga passar ao grande ecrã e isso proporcionou-me a oportunidade de imaginar livremente o aspecto físico das personagens. Se, pelo contrário, tivesse lido os livros depois de ver os filmes, passaria pelo desespero de não conseguir afastar a imagem de Daniel Radcliffe das páginas de J. K. Rowling.
A partir destes exemplos, lembrei-me de que poderíamos discutir sobre a capacidade inerente às adaptações cinematográficas de sufocarem a nossa imaginação e de nos privarem daquilo que a literatura pode oferecer.
Por outro lado, pude ler as aventuras de Harry Potter antes da saga passar ao grande ecrã e isso proporcionou-me a oportunidade de imaginar livremente o aspecto físico das personagens. Se, pelo contrário, tivesse lido os livros depois de ver os filmes, passaria pelo desespero de não conseguir afastar a imagem de Daniel Radcliffe das páginas de J. K. Rowling.
A partir destes exemplos, lembrei-me de que poderíamos discutir sobre a capacidade inerente às adaptações cinematográficas de sufocarem a nossa imaginação e de nos privarem daquilo que a literatura pode oferecer.
Fico à espera das vossas opiniões!
7 comentários:
Olá, Mafalda(este é o meu 1º post aqui)
Bem, as adaptações literárias têm muito que se lhe diga no que toca respeito ao modo como o filme ou o livro nos atingem quando temos ou não presente um deles no momento em que os saboreamos. Acho que é relativo o quão prejudicial ou benéfico é para a experiência entrar em contacto primeiro com algum deles, acho que depende de cada um de nós e de como encaramos os dois ramos. Por exemplo, 1 pessoa pode preferir ler 1 livro e emocionar-se mais ao lembrar-se de tal cena marcante no filme, como que 1 redescoberta apaixonante ou ao contrário, preferir vaguear a mente e criar o seu mundo exclusivo. Eu, eu como prefiro o cinema à literatura acho preferível ver o filme primeiro dado que o impacto cinematográfico costuma ser superior ao literário e ainda, o factor surpresa ajuda no aspecto marcante do filme. Mas... ler 1 livro o qual sabemos como irá acabar também reduz bastante a piada, o positivo é tanto num campo como noutro haverem muitos aspectos a descobrir haja ou não fidelidade de adaptação, enfim...
Cumprimentos
Turat Bartoli,
Espero que este seja o primeiro de muitos.
Bufas,
Estou de volta mas ainda não é definitivamente. Quanto ao Kirk Douglas... Teve muita graça mencionares o nome dele! Para mim, Kirk Douglas é sinónimo de Ulisses, no filme do Mario Camerini.
(Continua a esticar-te!)
Obrigada aos dois!
Até breve!
Sempre que se fala de literatura e cinema, lembro-me da adaptação de Alexis Zorbas (do grego Nikos Kazantzakis. Em português foi traduzido com o título "O Bom Demónio") feita por Michael Cacoyannis em "Zorba the Greek". É um dos raros exemplos em que a adaptação pouco perde para o original. Motivo: o genial Anthony Quinn, que tem uma performance fenomenal.
Para o sucesso contribui também, creio, o facto de terem sido utilizados os habitantes de Creta como figurantes no filme. É um facto que confere maior realismo à narrativa...
A excelência da adaptação deve-se também ao facto de o livro ser seguido passo a passo, à excepção de dois episódios: (i) a visão do Mundo por Zorba, que abre o livro (e é uma cena cortada do filme) e (ii) a recordação das aventuras de Zorba na Rússia.
Parece-me uma óptima proposta de discussão.
Eu tenho o meu exemplo, ainda que nunca tenha lido o livro. Falo do 2001: Odisseia no Espaço, realizado pelo Stanley Kubrick que, por sua vez, adaptou do livro de Arthur C. Clarke.
Confirmo que na maioria dos casos, o contacto com o filme fica muito distante do contacto com o livro. É essa a magia de um pedaço de papel escrito. No entanto, acredito que no caso do filme que referi (2001: Odisseia no Espaço) a disparidade entre casos não seja dessa forma, ou não exista até.
Não que ao ler o livro se tenha a exacta sensação e se visualize as mesmas coisa que quando virmos o filme. Nada disso. Acredito que seja um filme em que os verdadeiros pormenores não ficam tão presos a nós, como o é a cara de determinada personagem.
Refira-se novamente que ainda não li o livro e poderei refutar tudo isto quando o ler. Aliás, com o que gosto do filme acho que tão cedo não vou ler o livro.
Noutro plano, é de salientar a importância de certos filmes ao levarem determinados autores até às pessoas que jamais ouviriam falar no nome de determinado escritor. Por exemplo, o caso mais recente é do nome do autor d'A Guerra dos Mundos, H.G. Wells, que ainda que seja um escritor famosíssimo, tenho a certeza que chegou a mais alguns através do filme. Pelo menos, assim o espero.
Acho que fiz entender de forma clara os meus dois pontos.
Mafalada, abraços.
Este blog tem de continuar.
Tiago Tejo
Olá,
Este tema dava uma discussão bastante longa e muito interessante a qual já tive oportunidade de ter com diversas pessoas.
Não vou fazer uma dissertação extensa pois posso resumir a minha opinião sobre o assunto em pontos muito claros e simples:
- imaginação, a imaginação não tem barreiras (ao contrário do cinema) assim, a dimensão de um livro será sempre maior, em todos os sentidos, que um filme. Claro que isto depende da capacidade de abstracção de cada um;
- personagens, a probabilidade da escolha de actores não satisfazer os nossos gostos é muito elevada o que torna a experiência muito menos interessante;
- 1ºlivro depois filme, sobretudo pelo primeiro ponto apontado. Cada caso é um caso, MAS, sinceramente acho que se torna muito difícil ler um livro depois de ter visto o filme, as personagens já têm todas uma cara, os locais, edifícios, paisagens, eventos já foram todos definidos e delineados...e ainda por cima já se sabe o fim.É que um filme dura 2h, agora ler um livro durante dias ou semanas já sabendo o fim não é para mim.
Termino com um exemplo bastante comercial mas também adequado "The Lord of the Rings". Li o livro (em inglês) que é impressionante e cuja escrita é imperdível e depois vi o filme que, mais uma vez, fica atrás do livro mas é bastante interessante.O livro é a obra prima, o filme nunca passa de adaptação (se calhar estou a ser demasiado rígido).
Ainda a propósito de adaptações: lembram-se de "O leopardo" (il gattopardo) de Tomasi di Lampedusa? Foi adaptado ao cinema por Luchino Visconti (filme homónimo). Outro dos exemplos em que cinema e literatura fazem o casamento (quase) perfeito.
A propósito do Spartacus: podemos lembrar-nos do Kirk Douglas, mas o filme, mau grado a realização de Kubrik (que, literalmente,foi um "realizador de aluguer"), o filme perde muito para o livro homónimno de Howard Fast... acho eu.
Devo assumir que fiquei surpreendida com a adesão que esta discussão teve. Obrigada a todos!
Já tive muitas conversas sobre a saga The Lord of the Rings e calha-me sempre ser a defensora do trabalho do Peter Jackson. Conheço bem os livros e acho-os fantásticos mas os filmes têm qualquer coisa de viciante...
O Luchino Visconti é um dos realizadores mais geniais de sempre. A propósito dele, lembrei-me de mais um "casamento quase perfeito": Roman Polanski na adaptação de Rosemary's Baby de Ira Levin.
Até breve!
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