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Conto de Fadas de Sintra a Lisboa
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Ele era um cavalheiro
Todo ele transpirava de elegância
Ela era gata borralheira,
tivera que limpar a sua infância
Ele velejava no Verão
e esquiava, no Inverno
Ela trabalhava ao balcão
De um qualquer estabelecimento moderno
Ele gostava de reluzir em si
O estilo da capital
Ela já não conseguia distinguir as cores
da bandeira nacional
Ele tinha entre os seus títulos
Uma futura ordem do infante
Ela achava o levantar do dedo mindinho
Algo deselegante
Mas ele um dia curvou-se a seus pés
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E ela passou a ocupar o tempo
A descobrir o que era a cultura
E ele confirmou-se aos seus aposentos
E descobriu a costura
Ela quis poder entender o Universo
E começou a ler Platão
E ele resolveu perceber o que era a justiça
Em frente à televisão
A ele de nada lhe valeu a aparência
Nem a casa do Largo do Rato
Porque ela sabia que era a Cinderela
E enganou-o com um sapato
Ele que um dia fora príncipe
Agora rendia-se à evidência
Com mulheres que calçam o quarenta
é melhor, revelar prudência
Hoje ele ainda beija seus pés
Hoje ele ainda beija os seus pés
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Os Pontos Negros
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