13 fevereiro 2009

... e é mais do que isto

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Mais a sério: tal como eu a entendo e gosto de a praticar, e sem prejuízo de poder ser mais do que isto, a crítica de cinema é o relato de uma relação pessoal com os filmes, a crónica de amores, indiferenças e desamores. Não é uma disciplina académica, muito menos científica. Estaria, tivesse eu talento para tal, mais próxima da poesia. Os gostos e os desgostos podem ser violentos – não vejo por que motivo a sua expressão teria que os limar dessa violência (nem mesmo por que haveria de estar impedida de “desqualificar culturamente” este ou aquele filme, afinal trata-se de separar o trigo do joio). Pelo menos enquanto não me disserem, como num filme americano que agora não sei nomear, “you can’t do that on national television”. Quando mo disserem, logo faço contas à vida (mas devo dizer que sinto um pequeno arrepio perante frases como aquela em que o leitor me acusa de estar a “abusar do poder de escrever nos jornais” – por amor de Deus, estou a escrever sobre um filme, ainda por cima perfeitamente “couraçado”, totalmente imune ao meu texto, não estou propriamente a fazer insinuações caluniosas sobre uma personalidade).
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Luís Miguel Oliveira, Sound + Vision

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