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Não sei se é por gostarmos tanto de Kate Winslet que gostámos de The Reader. Mas não. Se a premissa estivesse correcta, também teríamos gostado muito de Revolutionary Road e tal não aconteceu. The Reader é diferente, é definitivamente especial.
Não queremos contar a história, queremos apenas recordar algumas cenas. Como aquela em que a velha decide morrer e ouvimos os pés dela em cima das capas plastificadas. Ou aquela outra em que há uma gaveta em casa do advogado, onde se guardam as cartas, escritas em papel ordinário e por um punho desajeitado. São estes pormenores que fazem a diferença. São estes pormenores que nos relembram o quanto gostamos do trabalho de Stephen Daldry. Como na cena em que os amantes se riem com uma rábula de Tintin. Meu Deus. Se o filme fosse uma verdadeira porcaria, essa cena já teria valido o preço do bilhete. Porque não estamos a falar da Odisseia de Homero, nem mesmo dos contos de Tchekhov. Estamos a falar do Capitão Haddock e de uma completa fuga ao cliché.
E o que dizer sobre a presença de Bruno Ganz e da nossa Alexandra Maria Lara? Parece incrível que estejam ali quase de fugida; uma marca inesquecível num filme maior. E há mais. Porque há sempre mais. Há uma completa amoralidade em quase tudo. Especialmente no estudante que constata a desumanidade da mulher que ama e que, anos depois, mesmo não a vendo, mesmo não a ouvindo, passará as noites em branco, a gravar literatura. Para que aquela mulher tenha momentos felizes na cela que merece. Que maravilha. Obrigada.
2 comentários:
Eu é qu'agradeço, este seu desenho - obrigado.
=)
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