16 abril 2008

Adeus Lisboa

Parava no café quando eu lá estava

Na voz tinha o talento dos pedintes

Entre um cigarro e outro lá cravava

a bica, ao melhor dos seus ouvintes

As mãos e o olhar da mesma cor

Cinzenta como a roupa que trazia

Um gesto que podia ser de amor

Sorria, e ao partir agradecia

São os loucos de Lisboa

Que nos fazem duvidar

A Terra gira ao contrário

E os rios nascem no mar

Um dia numa sala do quarteto

Passou um filme lá do hospital

Onde o esquecido filmado no gueto

Entrava como artista principal

Comprámos a entrada p'ra sessão

Pra ver tal personagem no écran

O rosto maltratado era a razão

De ele não aparecer pela manhã

Mudámos muita vez de calendário

Como o café mudou de freguesia

Deixámos de tributo a quem lá pára

Um louco a fazer-lhe companhia

É sempre a mesma pose o mesmo olhar

De quem não mede os dias que vagueiam

Sentado lá continua a cravar

Beijinhos às meninas que passeiam.

Loucos de Lisboa
Ala Dos Namorados
João Gil / João Monge

1 comentário:

Anónimo disse...

Adeus querida melhor amiga! Continua a escrever para sentir que estás cá!
Mil beijos