É difícil arranjar um rótulo para a minha situação aqui em Londres. Não sou propriamente uma turista e também não sou uma local (This is a local shop for local people. Are you local?). Aquilo que sei é que, por enquanto, sou uma estrangeira desempregada. E, como tal, faço vida de estrangeira desempregada: passeio e vejo dvd’s. Há algum tempo que não escrevo sobre filmes e hoje acordei com vontade de o fazer.
Em terceiro lugar, isto porque resolvi criar um pódio para as películas que ando a ver, colocarei a trilogia Jason Bourne. Três filmes que tentam responder a três questões existenciais: "quem sou eu?", "o que é que eu fiz?" e "de onde vim?". Filmes irrepreensíveis com um Matt Damon que não pára de me surpreender. Palavra. Qualquer dia, serei chicoteada em plena praça pública pelas monstruosidades que proferi sobre ele na altura de Good Will Hunting. Garanto que estou arrependida e espero que, neste caso, o arrependimento me livre do castigo.
Em segundo lugar, uma autêntica surpresa. Shattered Glass foi realizado em 2003 e conta-nos o começo de carreira verídico de Stephen Glass, jornalista e exímio contador de histórias, que escrevia para o The New Republic e inventava grande parte dos artigos publicados.
Resolvi dar-lhe uma oportunidade quando olhei para o elenco e vi o nome da Chloë Sevigny nas personagens principais. Confesso que não estou arrependida. Ainda por cima, Hayden Christensen surpreende no papel principal e consegue anular, por momentos, as suas prestações como Anakin Skywalker / Darth Vader.
E agora, em primeiríssimo lugar, um filme que já devia ter sido visto nos primeiros meses de 2006. Perdoa-me o atraso, sim? The Loneliness of the Long Distance Runner lembrou-me, quase minuto a minuto, o À bout de souffle. Claro que são filmes muito diferentes. Claro que não há nenhuma mulher em The Loneliness que se possa sequer comparar a Jean Seberg. No entanto, aqueles dois homens, Courtenay e Belmondo, completos anarquistas, filmados e montados com uma velocidade e uma brutalidade muito próprias da nouvelle vague, desejam o mesmo: vencer o sistema. E só um deles consegue.
7 comentários:
"Qualquer dia, serei chicoteada em plena praça pública pelas monstruosidades que proferi sobre ele na altura de Good Will Hunting."
Lá estarei!
Para que conste: o facto de ter mudado de opinião sobre o Matt Damon não significa que tenha mudado de opinião sobre O Bom Rebelde. (Posso estar desempregada, mas ainda não enlouqueci.)
Fazes tu senão bem. Eu também quando cheguei a Londres não fazia mais nada senão passear e ver filmes. Tenta ver os britânicos, dão-te uma outra sensação do sítio onde te encontras. Tenta localizar as lojas de dvd's e cd's em segunda mão aí na cidade, que é um negócio que pura e simplesmente não existe em Portugal (os portugueses devem ser todos ricos pois só os vejo a comprar dvd's na Fnac. Eu raramente compro dvd's no nosso país). És capaz de te surpreender com a quantidade de clássicos do cinema que existem a preços baixissimos.
O Matt Damon é muito bom mas o Good Will Hunting também acho que não é nada de espectacular.
:) :)
Ricardo,
Toca a passar-me todas as moradas / sites das lojas de dvd's em segunda mão que frequentavas. OK?
Um beijinho e obrigada.
Existem em vários pontos de Londres. Se queres mais livros, Charing Cross Road (mesmo no centro) é o sítio onde deves ir. Quanto a lojas de DVD's não sei bem dizer, estão um pouco espalhadas por todo o lado, umas maiores que outras, umas com mais clássicos do que outras.
As mais perto da zona onde eu morava, em Northolt, eram a Sellanby's mesmo ao lado da estação de South Harrow e a Cex em Harrow.
Fico contente por teres "descoberto" o Matt Damon [entre os actores actuais é um dos meus preferidos ;o)]
Já tinha tentado deixar-te uma mensagem no post com a tua fotografia de costas (Olá Londres!), mas vá lá saber-se porquê, não ficou registada... Aproveita bem enquanto não tens grandes obrigações para explorares a cidade que é de facto fantástica e, para mim, uma das capitais em que a escala e a malha urbana é muito humana (nem nos lembramos da imensidão dessa capital quando percorremos as suas ruas a pé...). Fico verde de inveja só de pensar em tudo o que é possível ver e fazer nessa cidade. Não deixes de ir ao St. James Park com restos de pão, pois os esquilos vêm praticamente comer à tua mão ;o)
Bjs
Desempregada sempre tem a parte positiva de haver tempo livre para cirandar por todo o lado. E se é bom cirandar em Londres! =) Além disso, há-de ser como ser turista, uma fase passageira. ;)
Tenho de ver esse filme que falas... se faz lembrar o à bout de souffle, só pode ser coisa boa.
Bons passeios
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