15 dezembro 2007

Natal – época de presentes








O primeiro vídeo é dedicado ao Vasco Câmara. Algumas das suas últimas avaliações, quatro estrelas ao Harry Potter e uma estrela ao Promessas Perigosas, são a prova cabal de que este crítico precisa de ajuda.

10 dezembro 2007

Dar o braço a torcer


Aqui há uns tempos, propus que discutíssemos o talento de Viggo Mortensen. Tinha acabado de sair do A History of Violence e sentia-me ludibriada. Mais especificamente, sentia-me insatisfeita com o filme e com os actores. E, verdade seja escrita, esta sensação manteve-se até há duas semanas, altura em que assisti a Eastern Promises.
Horas depois de ter visto o filme, já longe do cinema e dos outros espectadores, julgo ter compreendido este renovado Cronenberg, menos obcecado por insectos e mais atento à condição humana no que esta tem de corpóreo e de espiritual. Eastern Promises e A History of Violence cruzam-se, complementam-se e dão a conhecer um extraordinário actor chamado Viggo Mortensen. Não sei o que será de Viggo Mortensen se chegar a haver uma separação entre Cronenberg e ele. Nunca antes, e podem escrever o que quiserem, Viggo Mortensen chegou tão longe.
Na sequência de luta, em plena sauna colectiva, Cronenberg relembra-nos de que aquilo que deve definir um cineasta é a sua capacidade de comunicar através de imagens. O verdadeiro cineasta não deve fazer uso das palavras para explicar uma cena. Se as deseja utilizar, então que as use como uma forma de iludir o espectador. A imagem, tal como no cinema mudo, deve ser compreendida por si só. E é isso que acontece nesta película. O branco dos azulejos, o sangue pelo chão, o corpo dilacerado. Não há necessidade de haver uma única palavra para que compreendamos o que está ali em jogo.
Estava a ver Eastern Promises e, sabe-se lá porquê, lembrei-me de uma conversa entre Fernando Lopes e Bénard da Costa a que assisti, talvez há dois meses, no Jardim de Inverno do São Luiz. Naquela tarde, discutia-se emocionadamente sobre o facto de a relação entre a câmara e o actor ser um dos maiores mistérios do cinema. Dito por outras palavras, ambos afirmavam que a relação entre um actor e uma câmara pode ser um caso de amor que não é tecnicamente explicável. E, neste caso, a câmara de Cronenberg está de tal forma apaixonada por Viggo Mortensen que nos deixa quase sem ar, irremediavelmente fascinados por aquele rosto e, como é natural, por aquele corpo. E isto porque o corpo de Viggo Mortensen é ainda mais premente do que ele próprio. É um corpo jovem, atlético, ágil mas é também um corpo cansado, corroído e estigmatizado que nos transmite a finitude daquele ser.
Consta que Viggo Mortensen terá partido sozinho para Moscovo, São Petersburgo e para a região da Sibéria nos Montes Urais, tendo passado semanas a percorrer a zona sem tradutor. Também consta que o actor terá estudado os "gangs" da organização Vory v Zakone, lido livros sobre a cultura das prisões russas e aperfeiçoado o sotaque siberiano da personagem. Nada disto já me espanta, a mim que dei o braço a torcer.

08 dezembro 2007

Merry Christmas





A Lana Turner, a Kim Novak e o Humphrey Bogart desejam um FELIZ NATAL e um EXCELENTE 2008 a todos os visitantes do Mise en Abyme.

01 dezembro 2007

Espero ainda vir a tempo

1)
Não percebo o alarido que se fez à volta de The Brave One. Sobretudo quando, praticamente ao mesmo tempo, estreou um filme de acção intitulado American Gangster que conta com um Denzel Washington perfeito. Aliás, ainda que The Brave One rime com Taxi Driver, seria interessante reflectir sobre o contributo de Ridley Scott a toda uma geração de películas encabeçada por The Godfather e Goodfellas.
2)
Não compreendo o silêncio instaurado em torno de A Outra Margem. Será que aquele opening deixa alguém indiferente? (Belíssima conjunção entre o estalar de uma cremação e o playback de Filipe Duarte.) Posso ser suspeita porque, afinal de contas, sempre defendi o trabalho de Luís Filipe Rocha. Gosto de A Passagem da Noite e do Adeus, Pai. Mas, suspeita ou não, custa-me muito que o ignorem.