21 fevereiro 2007

Do arco da velha


Ele há coisas... Há coisas que não se entendem. Não é que o Stranger Than Fiction do Marc Forster não me sai da cabeça? Mesmo depois de ter visto A Rainha do Stephen Frears, os dois lados do Clint Eastwood e o Little Children com a “minha” Kate Winslet? Não consigo perceber porquê mas aquele mundo literário não me abandona. É verdade que já tinha saudades da Emma Thompson e que gostei mesmo de a ver assim, com olheiras e sem maquilhagem. Também é certo que há meses que não me divertia tanto com uma personagem do Dustin Hoffman – o meu faz-tudo preferido. Mas dois actores não são motivo para um filme não me sair da cabeça, pois não?
Por outro lado, e numa perspectiva meramente pessoal, também conta o facto de ter uma prima a participar no filme. Quer dizer, não é que ela faça mesmo parte da equipa mas sempre que a Ana Pascal entrava em cena, era a minha prima que eu via. (Às vezes acontece-me isto: ter amigos ou familiares que também vivem no cinema.)
Mas recuemos um bocadinho. O argumento deste Stranger Than Fiction rima com as histórias geniais do Charlie Kaufman e isto já me parece um bom motivo para ter gostado tanto deste filme. Mas não é só isso. A verdade é que este filme liberta qualquer um do habitual marasmo em que transformamos a vida. Às vezes, canso-me da qualidade indiscutível e só me apetece ver películas contestáveis. É nessas alturas que descubro raridades como esta em que tudo é analisado... O livre-arbítrio, a efemeridade, o estoicismo, a compulsividade… Está lá tudo. Mas de uma forma tão inteligente e tão deliciosamente pungente que só me apetecia não ter saído da sala de cinema. Queria ter ficado por lá, a observar a estante do Professor. Ou então à chuva, ali mesmo ao lado da escritora, a ouvi-la falar sobre a morte. Podia ser que me habituasse à ideia.
Malditos 113 minutos de duração!

7 comentários:

Daniel Pereira disse...

Também gostei deste filme, embora, parece-me, não tanto como tu.

Retenho uma frase tua: "Às vezes, canso-me da qualidade indiscutível e só me apetece ver películas contestáveis."

Acho que também é preciso descobrir pequenas maravilhas que há em filmes a que ninguém liga pêva.

Miguel Marujo disse...

E eu que ainda não tive oportunidade de ver, fico a achar que tenho mesmo de ver. [Mas também estou como tu, na necessidade de ir ver o Little Children com a "minha"/"nossa" Kate Winslet. ;)]

Anónimo disse...

Eu esperava um filme bobo, sem muito pretensão e no entanto me surpreendi e muito com Mais Estranho que a Ficção. Nunca curti muito o humor do Will Ferrell, mas devo admitir que ele finalmente encontrou o tom nesse filme. Outro que achei bem apesar do papel não ser grande foi Dustin Hoffman. Quanto a essa coisa do roteiro lembrar os textos do Charlie Kaufmann, eu ainda assim acho o Kaufmann muito melhor.

(http://claque-te.blogspot.com): Rocky Balboa, de Sylvester Stallone.

Mafalda Azevedo disse...

Caríssimos Daniel, Miguel e Roberto,

Muito obrigada pelos comentários. São estas “pequenas maravilhas” que me consolam verdadeiramente. E atenção! Também considero o Charlie Kaufman superior mas este Stranger Than Fiction é um achado.
A ti Miguel, recomendo vivamente que o alugues assim que aparecer em dvd! E quanto à Kate Winslet, ela também é filha de Deus, não? :)

Anónimo disse...

Apesar de também ter gostado do filme, estou com o Roberto Queiroz ;o)

Rodrigo Nogueira disse...

O Will Ferrell é o maior de sempre em todo o lado. A geração de comediantes dele é absolutamente enorme e ele e o Steve Carell só mostram como se pode ser mainstream, brilhante, divertido para caraças e ainda saber ser actor (o Carell é bem melhor nesse campo, mas pronto) ao mesmo tempo. O Stranger Than Fiction conseguiu a proeza de me ter a sorrir durante um filme inteiro, mesmo lidando com a morte e essas coisas que eu não aprecio nada. Eu, que não consigo ver Bergman, a sorrir. Ele há coisas...

Mafalda Azevedo disse...

Bem visto. Muito bem visto, aliás.