17 fevereiro 2013

Do you still even like me?



A uma semana da cerimónia dos Óscares, que este blogue irá, como habitualmente, acompanhar e comentar, encontro-me em pleno estágio de preparação para a grande noite. De todos os filmes que decidi ver, faltam-me apenas o Beasts of the Southern Wild e o The Master. E o A Good Day to Die Hard, claro. Mas esse por outras razões que nada têm a ver com a cerimónia em si e que se relacionam com o facto de este blogue considerar que o Bruce Willis é irresistível. Mas bom. Voltando aos Óscares e aos filmes vistos. Todos os anos, há nomeações incompreensíveis. Este ano, temos 8 nomeações para Silver Linings Playbook, incluindo Melhor Ator [o desempenho sobre-humano de Jean-Louis Trintignant não foi satisfatório o suficiente, mas ver o Bradley Cooper a brincar aos maníaco-depressivos, isso sim é formidável], Melhor Filme e Melhor Realizador [a minha falta de interesse no trabalho do David O. Russell não é de hoje]. Fez-se um grande alarido em torno do filme, festejou-se o facto de ser uma comédia que explora as difíceis relações humanas e blá, blá, blá. E eu pergunto: será que estas mesmas pessoas não viram o This Is 40 do Judd Apatow? Presentemente nos cinemas? Não devem ter visto, de certeza. 
Em 2007, quando vi o Knocked Up, tive a oportunidade de escrever, neste mesmo estaminé, que aquilo também era o meu mundo. E agora, mais de 5 anos depois, volto a sentir o mesmo. O cinema de Judd Apatow, tão hilariante, tão bem escrito, tão aparentemente “levezinho”, reproduz a nossa própria vida e espelha as teias relacionais que vamos tecendo e destruindo, aperfeiçoando e desconstruindo, essa estrutura de afetos que nos liga à nossa família, aos nossos amigos, ao amor da nossa vida. E que convive, lado a lado, com as obrigações profissionais, com os medos do dia-a-dia, com a violência das contas para pagar, com a vulnerabilidade própria do ser humano. 
Uma das cenas que mais me comoveu neste filme, pela sua sensibilidade e profundidade, foi o momento em que a filha mais nova, Charlotte, redige um bilhete à irmã mais velha e o deixa colado na porta do quarto daquela. Uma cartinha adorável, escrita por uma criança que deseja, talvez mais do que qualquer outra coisa, a aprovação da irmã mais velha. E isto é um dos exemplos que corrobora a atenção dada ao pormenor e o respeito que Judd Apatow demonstra pelas suas personagens. Sejam elas uma criança, uma adolescente que se sente compreendida pelo Lost, um pai manipulador e preguiçoso ou um outro pai ausente mas sedento de amor.
Judd Apatow é um observador nato, alguém que sabe o que é construir uma família em pleno século XXI. E que consegue, de forma louvável, perceber esta realidade multi-ecrãs – dos portáteis, aos smartphones, passando pelos iPads – em que vivemos. Em que às vezes, apesar de haver tantas e tão diversificadas opções, é tão difícil comunicar.

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