O texto de O Gebo e a Sombra
passa-se num só lugar. Eu é que alarguei um pouco o espaço para o exterior. Na
peça de teatro não há rua nem mudança de cenário, não era viável. É a diferença
entre o teatro e o cinema: o cinema é mais amplo; menos amplo que a literatura,
mas muito mais amplo que o teatro. As personagens esperam, de facto, que alguma
coisa aconteça ao mesmo tempo que desejam que nada de mal sobrevenha. A
felicidade é, como se diz no filme, não acontecer coisa nenhuma e nos meus
filmes pouco ou nada parece acontecer. E, no entanto, acontece. Como podemos
explicar a vida? A vida não tem explicação, acontece.
Entrevista
de Manoel de Oliveira ao Jornal de Letras, a propósito do seu último filme.
Quanto
a mim, já não gostava tanto de um Oliveira desde o Vou para Casa.
Longa
vida ao Mestre!
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