26 novembro 2006

Procura-se vontade

A novidade
- Anda para aí um bom documentário português a tentar sair da casca. Intitula-se Ainda há pastores? e é realizado por Jorge Pelicano. Descobri-o na semana passada, em plena FNAC Almada.
- Se estão habituados ao trabalho dos documentaristas portugueses Sílvia Firmino, Catarina Mourão, Sérgio Tréfaut, Rita Azevedo Gomes e Miguel Clara Vasconcelos, preparem-se pois este é um documentário diferente de tudo o que já viram. Trata-se de um objecto surpreendente que reflecte sensibilidade mas que também denota um esforçado trabalho de som e de fotografia.
Perplexidade e vontade
- Numa fase como esta, em que o cinema documental é a nova coqueluche dos cinéfilos, não é de esperar que haja espaço para um projecto de qualidade? Pois bem. Ainda há pastores? foi recusado pelo doclisboa e tem tido problemas em arranjar uma sala lisboeta para ser exibido.
- Vamos ficar de braços cruzados ou vamos promover o cinema português? Visitem o site e entrem em contacto com o realizador. Juntos talvez consigamos arranjar a tal sala e exibir o filme em Lisboa.

21 novembro 2006

Dualidades




Esqueçam o Leo ao som da Celine Dion no Titanic. Relembrem o Leonardo de Catch Me If You Can, filme maior de Steven Spielberg. Aplaudam Leonardo DiCaprio e um incrível trabalho de actor em The Departed.

Diz-se por todos os lados mas vou repetir: o último filme de Scorsese é uma obra-prima. Dizem que nos faz viajar até Taxi Driver, Raging Bull, Goodfellas e mesmo Casino. É verdade. Mas, quanto a mim, só pensei nisso depois de sair da sala de cinema. Até lá, mantive-me presa à cadeira. The Departed é um portento de montagem, de manipulação de som, de trabalho interpretativo. The Departed é o filme de um Mestre que sabe o que faz e que, espero, ainda não está cansado de o fazer.

Mas, sejamos justos, The Departed é também um filme de actores. Já mencionei o trabalho de Leonardo DiCaprio a querer encontrar-se, a querer ser alguém mas não é justo que passe ao lado de Matt Damon, de Mark Wahlberg, e de Alec Baldwin (onde andava esse talento?). Os outros, Jack Nicholson e Martin Sheen, são veteranos, capazes de tudo. Seis homens numa viagem até à morte – só dois escapam ao destino e só um alcança o sossego através da vingança.
E mulheres? Como nos grandes filmes de Scorsese, autênticos hinos ao mundo masculino, há sempre uma mulher que encadeia, que seduz, que vicia. Tivemos Cybill Shepherd, Cathy Moriarty e Sharon Stone. Agora temos Vera Farmiga – doce, compreensiva mas também inflexível. Mulher de cabelos e olhos claros, decidida igualmente a encontrar um rumo. No fim de contas, talvez o tenha encontrado na justiça moral.

E o que escrever mais sobre um filme assim? Nada. O filme falará por si.

17 novembro 2006

Há planos assim – X

Flauta Mágica de Ingmar Bergman
Uma ópera filmada e uma homenagem ao público infantil e adulto.

Quem o viu e quem o vê



Romain Duris está a crescer. Devagar, devagarinho como convém aos verdadeiros profissionais. Da minha relação com o actor, destaco três momentos: o jovem quase imberbe, deslumbrado pela liberdade de uma estadia no estrangeiro; o criminoso compassivo que demonstra o quanto vivemos num mundo que está longe de ser maniqueísta e o filho – irmão perturbado pelas nostalgias de uma relação impraticável.

Romain Duris tem 32 anos. Nos últimos quatro anos, poder-se-ia dizer que o actor vindo de França tem invadido as salas de cinema da Europa. E ainda bem que assim é. Melhor ainda é vê-lo lado a lado com Louis Garrel, mais novo do que Duris e tão inolvidável desde o último Bertolucci. Juntos numa espécie de road movie pedestre, intitulado Dans Paris, em que Garrel vagueia por Paris ao mesmo tempo que Duris deambula pelo passado. Viagens que proporcionam aventuras sexuais a um e momentos de exaltação musical a outro, ao som de Kim Wilde.

Mas, antes das viagens, há momentos em que assistimos às discussões de Romain Duris com a namorada. Aí, parece que tudo se diz e que nada fica por dizer, como se assistíssemos à maior prova de frontalidade e de sinceridade entre dois amantes. Mas não. No amor, e isto parece ser um dos pontos fortes de Christophe Honoré, nunca se diz tudo, nunca se resolve tudo e nunca se ganham certezas perenes.

08 novembro 2006

Sorte – II

Ter sorte é estar frente a frente
com o Chico Buarque enquanto este canta

Com tantos filmes
Na minha mente
É natural que toda actriz
Presentemente represente
Muito para mim

01 novembro 2006

Sorte – I

Ter sorte é viver numa época em que posso aplaudir, ao vivo e a cores, o monumental talento e o enorme profissionalismo de
Luis Miguel Cintra.

Filoctetes, de Sófocles

De 19 de Outubro a 26 de Novembro de 2006
Teatro da Cornucópia, Lisboa
3ª a sábado às 21:30 e domingos às 17:00