A razão que me leva a escrever sobre Elizabethtown nada tem a ver com a fraca interpretação de Orlando Bloom que exercita uns esforçados trejeitos de galã sem nunca anular o seu desempenho em Troy, frustração cinematográfica realizada pelo mesmo homem que nos maravilhou com The NeverEnding Story. Também nada tem a ver com Kirsten Dunst, tão pura em Eternal Sunshine of the Spotless Mind e agora tão reduzida a uma miscelânea de Meg Ryan com Amélie Poulain. E, naturalmente que nada tem a ver com o romance fácil e quase simplório que se vai desenrolando ao longo de Elizabethtown.
Aquilo que me leva a escrever este texto é a forma como Cameron Crowe consegue, de uma vez por todas, trazer algo de profundamente interessante ao grande ecrã: a capacidade de sobreviver à morte.
Não é por acaso que a última palavra do filme é “life” e também não é por acaso que os personagens alcançam formas de vencer a morte: os habitantes festejam o carácter de um homem em vez de o chorarem, o filho suicida é conduzido até aos pequenos prazeres da vida e Susan Sarandon, na melhor sequência do filme, exibe-se em frente a uma plateia de idosos moralistas e de familiares que nunca a prezaram. Ao revelar segredos, ao dançar um comovente sapateado e ao aparecer, magnífica, de branco na cerimónia fúnebre do marido, Susan Sarandon está a ensinar-nos a sobreviver à morte.
Não é por acaso que a última palavra do filme é “life” e também não é por acaso que os personagens alcançam formas de vencer a morte: os habitantes festejam o carácter de um homem em vez de o chorarem, o filho suicida é conduzido até aos pequenos prazeres da vida e Susan Sarandon, na melhor sequência do filme, exibe-se em frente a uma plateia de idosos moralistas e de familiares que nunca a prezaram. Ao revelar segredos, ao dançar um comovente sapateado e ao aparecer, magnífica, de branco na cerimónia fúnebre do marido, Susan Sarandon está a ensinar-nos a sobreviver à morte.
E no fim, nem queremos saber de mais nada. Ansiamos por sair da sala de cinema e abraçar a vida, contentes porque superámos a morte.
P.S. Parabéns ao Mise en Abyme pelo seu centésimo post!
6 comentários:
já to disse mas repito-o aqui: o bloom vai espantosamente bem. espantosamente não porque tenha um desempenho extraordinário, longe disso, mais porque vendo o seu passado cinéfilo era difícil imaginá-lo a fazer algo minimamente decente. quanto mais bom.
ah, e o romance não me parece simplório...
posto isto, parabéns mise en abyme! :=)
Não vi o filme mas gostei muito do que escreveste.
Mise en Abyme e Mafalda continuam a bater record's! :)
Gostei especialmente desta parte "Ansiamos por sair da sala de cinema e abraçar a vida..."
Parabéns mais uma vez!
Beijinhos,
Duarte
Já discordei muitas vezes com a Mafalda,o que até é saudável ("crash",por exemplo),mas desta vez venho escrever para dizer que estou completamente de acordo com o que escreveu sobre "Elisabethtown".Uma vez não são vezes...
Se não nos virmos até lá,bom Natal.
Manuel,
Muito obrigada pela habitual sinceridade. O Mise en Abyme só faz sentido se houver discussões.
Feliz Natal!
Ja me tinham dito maravilhas do filme Elizabethtown, e depois de ler o que escreveste ainda fiquei com mais vontade de o ver! Gostei muito do teu blog!
mts bjs!
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