24 outubro 2011

Sangue do meu Sangue

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Têm razão todos aqueles que o descrevem como uma obra-prima. Têm razão todos aqueles que discorrem sobre o apuro das interpretações, do som e dos enquadramentos. Sangue do meu Sangue é, de facto, notável. E aquelas mulheres – Márcia, Cláudia, Ivete, Sandra, Maria da Luz – deixam-nos sem ar, tal é a sua grandeza e a sua capacidade de, humilhadas, continuarem a amar. E a trabalhar. Porque são incansáveis estas mulheres de Canijo, sempre na labuta, a cortarem legumes para a sopa, a atenderem clientes na caixa de um supermercado, a ouvirem os lamentos das vizinhas enquanto lhes arranjam as unhas. E, ao mesmo tempo, são tão portuguesas, tão tipicamente portuguesas, das graçolas brejeiras e dos relatos futebolísticos ao sofrimento atroz que se vai guardando, cada vez mais fundo no seu interior.

E quanto a nós, espectadores devastados, resta-nos fazer como elas e seguir em frente, um dia de cada vez. Porque a vida é isso mesmo.

1 comentário:

o mesmo de sempre. disse...

dos melhores filmes portugueses de sempre.
disse.