24 janeiro 2010

Gostava de perceber isto, palavra

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Luís Miguel Oliveira escreve sobre O Sítio das Coisas Selvagens, Ípsilon (08 – 01 – 2010):
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“Não é, portanto, razão para grande surpresa que agora apareça com esta fábula levemente freudiana, feita de tristeza, raiva, uns pozinhos de Édipo e toda aquela “quirkiness” (falta-nos melhor palavra em português), aliás já a caminho de se tornar um bocado irritante, característica dos filmes dele, dos de Charlie Kaufman, e doutros que andam por essa órbita.”
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E o mesmo Luís Miguel Oliveira, no mesmo suplemento cultural, numa rubrica chamada “Filmes de uma década”, elege vinte títulos e inclui The Life Aquatic with Steve Zissou na sua escolha.

23 janeiro 2010

O Fellini, Where Art Thou?

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Nine, o mais recente filme de Rob Marshall, suposta homenagem ao clássico 8½, é um desperdício de tempo e de dinheiro. Mais do que isso, é um lamentável desfile de mulheres de plástico, com Sophia Loren, Nicole Kidman e Kate Hudson a comandarem o bando.
É verdade que Penélope Cruz e Marion Cotillard, senhora de uma elegância e de uma pose que desconhecíamos, têm registos notáveis nas sequências do suicídio e da sala de projecções mas, tirando esses momentos de excepção, Nine aposta numa aura pindérica como há muito não via. As canções e as coreografias são para esquecer e, no meio deste Carnaval, o enorme Daniel Day-Lewis lá vai atingindo, a custo, a ansiedade, a decadência e a cólera de Guido Anselmi.
Aliás, se Nine ainda é um filme comestível, deve-o ao facto de sobreviver à custa das memórias e das recordações que temos de e de La dolce vita. Que saudades de Claudia Cardinale e de Anouk Aimée.

13 janeiro 2010

O Laço Branco

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Filmar a maldade
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Estamos nas vésperas da primeira guerra mundial. Imaginem uma aldeia alemã, coberta de searas de trigo na Primavera e de neve imaculada no Inverno. E imaginem que, a determinada altura, o médico dessa mesma aldeia é vítima de um estranho acidente, o filho do barão é raptado, uma criança deficiente é torturada e há coincidências bizarras por todos os cantos. E, por fim, imaginem que, à semelhança do Village of the Damned do John Carpenter, o mal é personificado por um grupo de crianças louras, presas a uma moral que não compreendem, nem podem compreender, e consumidas por uma disciplina despropositada e castradora. E aqui, nos vestidos escuros e rígidos, nos murmúrios sofridos, na violência gratuita, nos cabelos domados e nas casas gélidas, reencontramo-nos com Fanny e Alexandre.
A claustrofobia, a avareza e a disciplina militar parecem o pior dos cenários. Mas ainda há pior. Há pais que violam, maltratam e espancam. Há crianças que tentam fugir, que desmaiam, que testam a efemeridade da vida. Todos estão condenados. Mesmo os mais novos, que ainda apresentam a candura própria das crianças, como o filho do médico que chama pela irmã numa casa às escuras, ou o filho do pastor que oferece o seu pássaro em troca da felicidade do pai. Todos, mais tarde ou mais cedo, revelarão a sua lealdade ao mal, pois é a única que conhecem. Com excepção do professor primário, confidente de todos, que toca piano à luz da vela e ama uma doce rapariga da cidade. Nenhum dos dois nasceu ali, nenhum cresceu no seio daquela comunidade. São a réstia de esperança que sobra.

08 janeiro 2010

Espera ansiosa

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Michael Haneke. Caché. A pianista.
Com tantas expectativas, temo uma desilusão.
Mas acredito que tal não acontecerá.

03 janeiro 2010

2010, here I go

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Algures entre a ilusão e a verdade, vivi mais um Natal e encontro-me cheia de fé neste novo ano. O Mise en Abyme fez 5 anos e promete não desaparecer tão cedo. Até breve e um EXCELENTE 2010.