06 maio 2006

Dois lados da razão

1)
Se será sempre muito difícil suceder a tão carismática personalidade, a dificuldade foi acrescida pelo modo como ele semeou o deserto à sua volta. Desde Maio de 2003 que não há responsável do departamento de Programação (é o próprio Bénard quem exerce o pelouro), e em Outubro passado, depois de não se ter efectivado em Maio a substituição que era das regras, a Cinemateca ficou mesmo durante meses sem vice-presidentes, pela demissão de José Manuel Costa e pela reforma antecipada de Rui Santana Brito. Que a instituição se chame Cinemateca Portuguesa é mesmo ficcional. Protocolos com instituições não são cumpridos, cineclubes e outros bem podem pedir cópias, e qualquer governante que já tenha tido a tutela sabe que o obstáculo intransponível a uma programação no Porto, na Casa das Artes, tem sido o próprio presidente Bénard. Mais: há anos a Cinemateca adquiriu direitos de uma importante colecção à Hollywood Classics, que permitia ter um acervo considerável de cópias susceptível de circulação pelo país, e que afinal ficaram na gaveta, num acto lesivo do interesse público, financeiramente inclusive.
Augusto M. Seabra, Público, 27 de Abril de 2006
2)
Se houve alguém que entendeu a luz e nunca se escondeu da sombra (embora seja dessa combinação que ele nasceu para este mundo) foi João Bénard da Costa. Poucas pessoas neste pequeno canto europeu deram tanto a tantas (ou várias) gerações; poucos, muito poucos, nos fizeram sonhar, ver e aprender a mais bela das artes: o cinema.
(...)
Mas nós - que o conhecemos, que o ouvimos e o lemos - temos a obrigação de dizer que seríamos bastante diferentes se não tivessemos por ele passado.
(...)
O Nicholas Ray, o King Vidor, o Capra, o Lubitsch ou o Hawks não nos foram apresentados pessoalmente. Deram-se apenas a conhecer pelo João Bénard da Costa. Estes amigos e tantos outros, que normalmente estavam lá para fora envergonhados, foram cantados, recordados e maravilhosamente "filmados" por ele. Nunca ninguém como ele conseguiu alguma vez fazer-nos ver o filme pela décima vez.
(...)
A sua magia estava sempre na utilização do absoluto: "O maior filme de sempre...", "O melhor beijo alguma vez filmado...", "o melhor início de qualquer dos filmes de Ford...". Mas também no louco cruzamento de planos, da pintura ao cinema, da literatura à fotografia.
(...)
João Bénard da Costa ficará para sempre na história do cinema, pois muito o cinema lhe deve, aqui ou em qualquer parte do mundo. A Cinemateca, tal como a conhecemos, não existia sem ele, sem a sua paixão, sem a sua alma, feita de "luz e sombra".
Nuno Galvão Teles, Público, 3 de Maio de 2006

12 comentários:

Hugo disse...

Por motivos vários sempre tendi a concordar com os membros do clã Galvão Teles (essa família cuja grandeza só é superada pela sabedoria e versatilidade), e, desta vez, não fujo à regra. Eis porquê:

i) A Cinemateca tem um Johnny (da Costa) Guitar, João Bénard da Costa (JBC) de seu nome. O senhor que, diariamente, nos apresentou e continua a apresentar os grandes mestres, os grandes filmes, as cenas mais belas, sempre com paixão e sabedoria.

ii) A obra de JBC fala por si: as duas melhores salas de cinema de Lisboa, uma livraria simpática, um bom restaurante e um pequeno espaço museográfico, apoiados por uma equipa, regra geral, competente, prestável e simpática.

iii) Neste momento JBC é insubstituível. Não há ninguém capaz de fazer esquecer a sua aura. Basta ver a qualidade das folhas com que, diariamente, nos brinda para confirmar isso mesmo. Até à data, nenhum dos colaboradores chega aos calcanhares de JBC. Dito de outro modo: JBC "É" a Cinemateca e a Cinemateca "É" JBC.

iv) Isto não significa que o cenário seja paradísiaco. Desenganemo-nos: não é! O grande desafio prende-se com a necessidade de descentralização da Cinemateca para outras zonas do País, bem como a sua maior abertura para com a sociedade civil. E, salvo melhor opinião, para que tal suceda terá de haver aumento das verbas destinadas à Cinemateca.

v) Sim, temos um regime quási-absolutista, mas tal deve-se ao facto de JBC sobressair face a todo e qualquer colaborador...

vi) A haver um substituto, rectius, a ter de haver um substituto, eu escolheria uma de duas pessoas: (i) Lauro António que, mau grado o seu quase desaparecimento, já deu provas da sua capacidade de divulgação da 7ª Arte ou (ii) Alberto Seixas Santos, cineasta e um dos mentores do famoso manifesto pro-JBC. Basta ouvi-lo falar sobre Cinema e percebemos logo que está talhado para a tarefa.

vii) Quanto à minha escolha de Alberto Seixas Santos, esta não é inédita. Nos anos 80, Costa-Gavras, também ele cineasta, presidiu a Cinethéque Française.

viii) Acima de tudo, um substituto (que mais tarde ou mais cedo terá de existir) terá de, forçosamente, de saber de Cinema. A Cinemateca (ou qualquer outro instituto estatal) tem de ser preservada de compadrios e de josgos de interesse políticos.

ix) Aquele que ouse ser mais capaz do que JBC para presidir à Cinemateca que atire a primeira pedra ou dê o primeiro passo...

Estarei a ver mal as coisas?

Mafalda Azevedo disse...

Sempre me assumi como uma admiradora do trabalho de João Bénard da Costa, principalmente do seu trabalho enquanto crítico de cinema. Não há ninguém em Portugal que escreva sobre filmes como ele.
No entanto, no que toca a toda esta polémica sobre a sua possível substituição, devo dizer que me encontro terrivelmente dividida. Daí que tenha publicado dois lados da verdade, por sinal contraditórios. Subscrevo-os a ambos.

Anónimo disse...

Esta questão toda da presidência da Cinemateca tem sido, no fundo, bastante ridícula, e revela uma certa pequenez de muita gente.
JBC é uma pessoa cujo conhecimento do cinema, enquanto cinéfilo, é muito dificilmente ultrapassável,imagino que já deva ter visto todos os filmes do mundo até 1977.
Eu próprio devo muito à Cinemateca - passei lá anos a ver centenas de filmes, e muito aprendi com o que vi e também com o que lia nos textos do JBC, de qualidade inegável. Resumindo, não vale a pena deitar abaixo a inteligência ou o conhecimento do actual presidente da instituição e tudo o que vem atrás.
Mas há certas coisas que têm que ser ditas.

O JBC não é, ao contrário do que muitos pensam, um nome unanime e repleto de amizades pelos meios do cinema português. O próprio modo como geriu a sua equipa dentro da instituição é prova disso (que actualmente já nem existe, demitiu-se toda). O facto de o próprio se apresentar como "insubstituível" numa entrelinha metafórica de uma coluna sua num jornal diário, mostra que em quase 30 de anos de Cinemateca Portuguesa, João Bénard da Costa não conseguiu encontrar uma só pessoa, quanto mais reunir uma equipa, a quem pudesse passar o "poder" com toda a confiança. E isto é um péssimo sinal.
A Cinemateca passa excelentes filmes, porque o cinema está cheio deles, mas esquece muitos outros. Sendo conhecedor da programação da instituição dos últimos cinco anos, posso afirmar que muitos filmes se repetem. Isto seria óptimo se tivessem cinco salas diferentes, mas só há duas.
Outro factor extremamente preocupante é o do monopólio completo que a Cinemateca tem sobre a exposição de filmes no país. Bénard saiu da Gulbenkian, e a
Gulbenkian deixou de passar filmes, foi para a Cinemateca, e nunca mais ninguém foi permitido a fazê-lo. Não conheço um só cineclube português que se dê ao luxo de se poder apresentar dessa maneira, nem nunca ouvi falar de exibições de filmes antigos fora do 36 da Barata Salgueiro de Lisboa. E isto não acontece por falta de iniciativa. Existe por que há um bloqueio.
O próprio movimento "pró-JBC" é bastante contestável. Baseia-se numa petição feita com assinaturas electrónicas e não verificadas, nomes de figuras públicas que nunca vi porem um pé na Cinemateca, e outras personalidades míticas, entre
as quais o "Orson Relles". E como as nossas instituições são fracas, e as
pessoas à frente delas ainda mais, uma Ministra da Cultura já obcecada por petições e alvo de críticas de todos os intelectuais, por quem ela já desespera ter o apoio essencial para governar o seu ministério, recuou na que era a intenção firme de não renovar a já "licença especial", e de mostrar que, afinal,
sempre se ia pedir ao JBC para continuar. A isto chama-se falta de autoridade. E ao que JBC montou chama-se agarrar-se ao lugar.
Ninguém, em algum cargo, é "insubstituível", quanto mais uma pessoa que já leva vinte e muitos anos no lugar. E se a Cinemateca neste momento "é" JBC, é porque
conseguiu livrar-se de muitas pessoas certamente competentes, como José Manuel Costa, a pessoa que seria ideal para substituí-lo (e não figuras defuntas da imagem televisiva de quem ninguém já se lembra e que estão totalmente arredadas da actualidade do cinema português e mundial), e significa que quando o Bénard morrer, a Cinemateca morre com ele. Os cargos são públicos, não se governam com
auras, nem ninguém se deve atrever a ser melhor que o antecessor, por muito bom que tenha sido, muito simplesmente por que João Bénard da Costa não é Deus.

Caros "cinéfilos doentes" e sozinhos, não é preciso JBC para fazer passar o Johnny Guitar pela oitava vez este ano, mas é preciso outra pessoa que apoie o
cinema português contemporâneo, que está de rastos, e que apoie a criação de cineclubes pelo país inteiro, e que passe todos os outros filmes do Godard que nunca vi lá passarem (no fundo, todos à excepção de À Bout de Souffle, Le Mépris, e Vivre Sa Vie, ou seja, as outras dezenas todas). E se hoje descobri realizadores como Truffaut, no qual vi a integral completa em vez de estudar para exames, não agradeço ao Bénard da Costa, agradeço ao François Truffaut. É
que alguns cinéfilos iluminados confundem algumas imagens.

Miguel Domingues disse...

1) Não sei se, num país cheio de abutres como o nosso, se alguém de juízo perfeito não esvaziará a concorrência. Para se fazer algo de jeito neste país, é preciso não nadar no balde das meias-tintas.

2)João Bénard da Costa está-se a transformar no Winston Churchill da cultura portuguesa: Usado nos tempos de dificuldades, recambiado quando estas parecem acabar.

3) Nunca vi o Johnny Guitar na Cinemateca. Gostaria de o fazer. Uma sessão por dia durante oito dias não é nada. Como eu haverá mais.

4) Ah, já agora, para o caso de essa luminária auto-intitulada Francisco querer saber, eu sou um dos que assinou a petição, o meu nome é Miguel Domingues, sou estudante e vendo produtos de Hi-Fi, e o meu numero de B.I. é o 12576882. Se quiser confirmar, eu estarei disponível.

5) Sabemos do que estamos a falar? "Je vous salue Marie" estreou na Cinemateca, "Pierrot le Fou" passou recentemente no ciclo História Permanente do Cinema e eu vi lá "JLG por JLG - Autoretrato em Dezembro".

5) Sou o primeiro a aceitar que várias coisas poderiam mudar, mas sou também o 1º a referir tudo o que de bom foi feito. Ainda bem que a cinemateca contribuiu para a criação de cinéfilos doentes. E ainda bem que Hugo Alves é um deles.

Penteie-se!

Miguel Domingues

Hugo disse...

Grande Miguel!

Aqui o pós-moderno de serviço também assinou com o nome profissional: Hugo. R. Alves, jurista e cidadão n.º 11865147. Confirmem à vontade, que eu deixo.

Quanto à crítica de passarem muitas vezes alguns filmes, convenhamos que tem o seu quê de verdade. Tal como não é menos verdade que esgotam sempre ou quase sempre a sala. Ainda há muito pouco tempo isso aconteceu com "the river" do Renoir. Se há procura popular, por que não passar? Mais: eu vi na Cinemateca um filme assaz raro ainda há muito pouco tempo "la maman et la putain" do Jean Eustache (e isto só para citar o exemplo mais recente). Convenhamos que não é um filme propriamente popular. Bem pelo contrário e isso não impediu a Cinemateca de o passar...

E sim, Hugo Alves, o ora signatário, é um cinéfilo doente (e com muito gosto!), cada vez mais, e deve-o à Cinemateca, presidida por JBC. Ao ponto de um dia destes dar por ele, mais dia menos dia, a mandar às malvas os tratados de direito e afins...ou não :)

Saudações cinéfilas!

Anónimo disse...

Grande Miguel e Grande Hugo Alves,

Eu sou Francisco Valente, nº12425371, não estou disponível se quiserem confirmar, e não assinei a petição a favor da manutenção do Bénard da Costa. Por acaso também sou um cinéfilo doente, tenho um blog e tudo para confirmar o estatuto (la saraghina). Sou trabalhador mas não vendo produtos, já fui estudante e não era pós-moderno. Já agora, também vi Pierrot Le Fou no ciclo História Permanente do Cinema, estava na terceira fila acompanhado por algumas pessoas. Na verdade, a primeira vez que vi esse filme foi no Palácio Foz há quase cinco anos, dessa vez sentado na primeira fila (não me recordo, enfim, do lugar preciso).

Uma coisa - o JBC é um Winston Churchill ou um Abraham Lincoln como refere no seu blog? Talvez os próprios ficariam mais esclarecidos no meio de tantos elogios e referências histórias. Apesar de tudo seria bom perceber onde é que JBC encaixaria - numa guerra civil norte-americana para a abolição da escravatura, ou numa batalha mundial contra nazis e anti-semitas. Se bem que o próprio Lauro António pudesse igualmente desempenhar papéis fortes na batalha cinéfila contra infiéis, talvez vulgo soldado, mas herói sem dúvida - nunca mais esquecemos os seus contributos televisivos para a cultura cinéfila do país, pelo menos, foi um grande contributo para um grande programa de comédia. Só isso já faz dele um objecto pop.

Caro Alves, The River é um excelente filme. Mas sabe a principal razão por que esgota constantemente? É porque apenas passa numa sala de 47 lugares. Costuma ir à outra maior com regularidade? Nem com um Oito e Meio legendado em castelhano enche. Os seus clientes mais regulares, tirando eu até mudar de país recentemente, eram um pobre senhor que se passeava com sacos de jornais, uma gabardine, e uma boina, e dois amigos reformados que se passeiam de pastas na mão, estilo estudante-trabalhador. Fisicamente, são mais dentro do género Sunset Boulevard, o filme de Wilder, claro. Cheguei a acordar um ou outro em certas ocasiões após sessões contínuas de mudos e raridades dos cofres. Falando nisso, é curioso saber que o ciclo chamado "abrir os cofres" tem em média três filmes por mês.

Isto para dizer que o público da Cinemateca está velho e gasto. Os "jovens" cinéfilos não passam da esplanada e do café, e deixam os filmes para os velhinhos. É triste, mas é verdade, basta ir lá com regularidade. Por isso, a ideia de que a Cinemateca Portuguesa é uma fábrica de jovens apaixonados perdidos da sétima arte, lamento dizer, está errada. Bem gostaria que fosse verdade, passei lá dias inteiros, mas nunca consegui encontrar ninguém da minha faixa etária que identificasse como espectador regular. E se as novas vagas do cinema do passado se formaram em salas de projecção que os projectavam para outros tempos, nunca ouvi falar de um realizador português sequer que tenha mencionado como influência as suas idas constantes à Cinemateca. Sabiam que a Escola Superior de Cinema põe os seus alunos a trabalhar em 25 imagens por segundo? Isso é o ritmo da ilusão de um telejornal.

Por fim, em relação a penteados, sempre me chamaram Beatle, curiosamente, mas como sugere, talvez mude para um estilo mais à imagem da instituição, estilo James Mason, voz profunda, a entrar no musical. Um abraço, e não se chateiem, por que isto tudo vai acabar por se resolver.

Anónimo disse...

Meus caros camaradas cinéfilos.

Uma coisa é o João Bénard da Costa cinéfilo, critico de cinema e homem...outra é o presidente da Cinemateca portuguesa...e as pessoas tendem a esquecer-se disso.

Como cinéfilo e critico, o JBC é do melhor que Portugal já teve. Cresci a ler os livros dele, a ler as criticas dele, a ver o programa que ele teve durante algum tempo na RTP2...a sua opinião é das que mais prezo, e como eu próprio sou critico de cinema reconheço que faz falta um homem que escreva como ele sobre esse vicio que temos todos aqui pela 7º Arte.

Mas a minha admiração termina nesse ponto.
Já fui à Cinemateca e achei-a um espaço interessante, mas parado no tempo. Numa altura em que os multiplex estão a acabar com as salas de cinema clássicas, é preciso saber dinamizar os espaços. E a Cinemateca pareceu-me sempre muito fechada sobre si própria. Não falo apenas no edificio restaurada e na sua organização. Falo também na programação, nos ciclos e na própria atitude com o espectador.

Como sou do Porto o que me incomoda mais em JBC é um ponto fulcral que parece irrelevante a 2 milhões de portugueses, mas certamente não o é aos outros 8, que também são filhos de Deus e de Ford (e de Hitchcock, e de Capra, e de Wilder...). O facto da Cinemateca ter concentrado em si toda a exibição de filmes é um insulto aos cinéfilos de todo o país. Os cineclubes, os festivais, as faculdades, todas elas pedem regularmente cópias de filmes à Cinemateca...nunca conseguem uma resposta positiva. Ora porque é o estado de conservação, ora porque é da viagem, ora isto, ora aquilo, o cinema - e aqui o que o Francisco revela é fulcral, porque o que importa é FORD, é TRUFFAUT, é ROSSELLINI, quem faz cinema e não quem programa cinema - não pode ser exclusivo de um homem, de uma sala, de uma instituição. Eu sei que para vocês é dificil compreender - e isto não o habitual "ai jesus que Lisboa tem tudo". Eu já vi durante a minha curta vida (22 anos) cerca de 3000 filmes. E tenho imenso orgulho nisso. Mas apenas e só porque tenho a felicidade de ter um pai cinéfilo como eu, que gravou todos os filmes que passaram na televisão durante as últimas 2 décadas, criando assim um espólio considerável. Mas tenho amigos cinéfilos, como eu, que não tiveram essa sorte e nunca viram um Renoir, um Cocteau, um Fellini, um Fuller, porque a televisão nos os passa e a Cinemateca não solta as cópias. Esta postura ditatorial e centralizadora é insustentável, seja ela resultado directo do programador JBC ou do programado Y.

Outro ponto fulcral é a questão da sucessão. JBC fez como Saturno...matou os filhos para não lhe roubarem o trono...ele próprio eliminou todos os candidatos à sucessão para se ir eternizando. Não questiono o valor e a competência dele para o cargo. Acho que os anos que tem de Cinemateca falam por si. Mas questiono os seus métodos, a sua postura, as suas atitudes. E acredito que uma Cinemateca paga pelos portugueses (não só mas também), um espaço de cultura nacional, não pode funcionar como um reino privado, por muito bom que seja o rei...porque se hoje o rei é bom, amanha o proximo pode ser mau, e os metodos e as atitudes repetirem-se...e depois de aberto o precedente, já se sabe como é.

Como cinéfilo respeito e admiro JBC mas acho que a Cinemateca precisa de sangue novo e de uma atitude diferente. Como português não concordo com o guetto cultural em que se tornou a Cinemateca nem que uma personalidade se eternize num cargo público.

Sou jornalista, sou critico de cinema, sou blogger, sou escritor e sou cinéfilo. Não subscrevo petições e também gosto do Johnny Guittar. E acho que está na altura da Cinemateca ter um novo presidente. Com todo o respeito que o JBC me merece!

um abraço Hugo, Francisco e Miguel e claro, beijinhos Mafalda!

Tiago Cabral disse...

1º aviso à navegação: Não sou cinéfilo.
2º aviso à navegação: Conto apenas com algumas dezenas (se tanto) de idas à cinemateca.

Posto isto, queria apenas dizer que apenas vejo dois fins possiveis para esta situação: O JBC deixa a cinemateca agora e será sempre o grande vulto da reconstrução deste local, ou agarra-se ao "poder" e a cinemateca pára de evoluir, voltando a cair no marasmo.
A comparação com politicos já foi feita aqui, eu atiro mais um nome Salazar (o grande reconstrutor que se esqueceu de sair de cena e estragou tudo o que tinha feito).

Abraços, não cinéfilos, mas de quem gosta muito da cinemateca.

Anónimo disse...

Sou cinéfilo,nunca fui à Cinemateca (não,não são incompatíveis as duas coisas),não vou dizer o número do meu BI nem se ando penteado...
Sou estou aqui a escrever porque já uma vez chamei manteigueiro ao Hugo Alves e cheguei agora à conclusão que também é atrasado mental. Fica um consolo,o seu amigo Miguel Domingues ainda é pior...

Miguel Domingues disse...

Olá,

é só para dizer que, neste ou em qualquer blog, responderei sempre a provocações, nunca responderei a insultos. Recomendo ao autor do pedaço anterior de poesia uma consulta atenta de uma dicionário, para averiguar as diferenças entre os termos.

E agora não tenho mais tempo para responder, o enfermeiro da Cerci está-me a pedir de volta o portátil.

P.S. - Sim, sou pior que o Hugo Alves, sei menos do que ele. Resta-me trabalhar para chegar ao seu nível...

Hugo disse...

Caro Manuel,

Não tenho por hábito responder a insultos, mas abro uma excepção para lhe lembrar, apenas, que a difamação ainda é considerada crime em Portugal, conforme preceitua o art. 180.º do Código Penal.

Com os cumprimentos do bloggeiro de serviço (que, por mero acaso, é jurista)

Hugo Alves


Fechando o parêntese e voltando ao que interessa:

Caros Francisco e Miguel,

chamem-me teimoso (ou mesmo obtuso), mas, neste momento, não vejo substituto (Lauro António, eventualmente, mas o Sr. anda desaparecido).
Quanto à centralização da exibição de filmes na Cineateca é totalmente verdadeira (tal como o Miguel, também me tive de valer de muitas gravações de filmes antes de vir morar para a Grande Maçã Lusa). Trata-se, infelizmente, de um problema tipicamente luso (ex: na minha cidade natal só abriu um "cinema" tinha eu 17 anos...) que nos levaria para outras discussões, também elas de grande importância e premência.

Mas esses são dois desafios (os maiores) que se colocarão ao eventual futuro mandato de JBC.

Para além do mais, sempre achei que a atribuição de uma presidência honorária a JBC para além de ser uma solução política inteligente, acabaria por agradar a gregos e troianos.

Abraço!

Anónimo disse...

Por favor arranjem uma vida própria!!!