Para mim, que sempre me
dediquei a refletir sobre o poder das casas onde vivemos, o romance da Cláudia
Clemente - A casa azul - não poderia ter vindo em melhor altura. Todas as
manhãs, entro no autocarro, leio mais umas páginas e, antes de sair na minha
paragem, agradeço, sincera e silenciosamente, à autora por ter tido a coragem
de publicar um livro assim.
Nenhum outro
local poderá alguma vez ocupar o lugar dela. A casa onde vi os meus avós
morrer, um de cada vez. A casa onde a minha mãe enlouqueceu de tristeza. A casa
onde íamos todos envelhecendo aos poucos, uns mais depressa que outros, mas
sempre juntos, aglutinados, como uma única, inverosímil e disforme criatura.
A casa azul, Editora Planeta, pª 11, 2014