16 janeiro 2005

O filme de todos os elogios

Lost in Translation
Há um apelido célebre e há, acima de tudo, um nome completo responsável por uma das grandes obras do cinema americano. Estou a referir-me a Lost in Translation, de Sofia Coppola, que conta com Bill Murray, o exímio apresentador de meteorologia de Groundhog Day, e com Scarlett Johansson, distinta no desempenho intrigante de uma jovem pianista no drama The Man Who Wasn't There, dos irmãos Coen.
Temos um Japão americanizado e, de certa forma, caricaturado a servir de cenário, um humor soberbo que leva o espectador a explodir em sinceras gargalhadas, uma atmosfera etérea a abranger toda a película e uma realização irrepreensível. Como se isso não bastasse, defrontamo-nos com Bill Murray de 53 anos e com Scarlett Johansson de apenas 19. O primeiro, bem diferente do habitual, admirável no modo perfeito como interioriza e interpreta um actor em plena crise de meia-idade. A segunda, misteriosa e inteligente, é abandonada por um marido frenético em pleno Tóquio. Juntos e isolados do resto do mundo irão descobrir novas formas de encarar a vida.
Redigir um texto sobre Lost in Translation é escrever sobre a vida de todos nós. Aquilo que nos agrada logo ao princípio e que se vai consolidando ao longo dos 102 minutos de bobine é a verosimilhança, a simplicidade e o realismo de todas as cenas. Quem de nós nunca participou num karaoke como aquele que é, na minha opinião, uma das sequências fundamentais da película? Quem de nós nunca se sentiu esgotado e até mesmo farto da vida que leva? Quem de nós duvida de que as coisas simples são indispensáveis ao nosso bem-estar? Quem de nós não tem simultaneamente momentos tristes e felizes?
Sofia Coppola atinge a perfeição ao assinar a sua segunda longa-metragem. Recordemo-nos da cena final (uma das mais bonitas de toda a história do cinema), a fugir por completo de toda a espécie de clichés baratos, em que há um reencontro, um segredo e uma despedida responsáveis por um suave tom de compromisso entre ambos.
Lost in Translation permanecerá nas nossas mentes por muito tempo e ficará registado, não por possuir uma qualquer etiqueta comercial, mas por ser um dos mais belos filmes com que o cinema nos presenteou.

6 comentários:

Anónimo disse...

Bem, devo dizer que estou maravilhado com o blog. Os vossos textos são bastante inteligentes e bem escritos e até agora só se falou sobre temas que pessoalmente me interessam muito. Por isso olhem, continuem.
Concordo perfeitamente com o que é aqui dito com Lost in Translation, um excelente filme.
Fiquem em paz.

Mafalda Azevedo disse...

Caro “Doutor Cabé”:

Há, pelo menos, uma coisa admirável no seu comentário: o ênfase com que exprime opiniões. Ainda bem que o nosso Blog é capaz de despertar convicções tão genuínas. Seria muito pior se os nossos textos lhe fossem completamente indiferentes.
Permita-me que lhe diga que o filme Virgens Suicidas é o retrato do suicídio mais espantoso que já vi no cinema. E quanto ao Manoel de Oliveira… Recomendo-lhe, como forma de acalmar os seus ímpetos, o magnífico Vou para Casa, de 2001.
Para finalizar, resta-me acrescentar que me parece disparatado estabelecer uma comparação entre uma película grandiosa como Lost in Translation e um filme desapaixonado como Ghostbusters.
Bons filmes!

Mafalda Azevedo disse...

Meus caros Rodrigo e Dr. Cabé (optei por escrever Dr. em vez de Doutor. Julgo que não terá capacidades para acabar um doutoramento),

É um prazer vê-los tão motivados com a promoção de discussões aqui no Blog!
Em primeiro lugar, devo dizer que ainda considero que The Man Who Wasn't There deve pertencer ao género dramático. Mas enfim! Isso pouco importa perto das sugestões que o Dr. Cabé nos tem vindo a fazer… Patrick Swayze, Van Damme? Lamento mas pepineiras como Dirty Dancing, Ghost e Street Fighter nunca fizeram as minhas delícias.
Quer-me cá parecer que o Dr. Cabé terá algum problema psicológico mal resolvido (só isso poderá justificar a linguagem utilizada nos seus comentários). Seja como for, uma coisa é verdade: todos nós sentimos uma grande saudade do Carlos Paião.

Anónimo disse...

A música pop, ou popular - como lhe quiserem chamar - é tão válida como qualquer outra, e dentro da música popular que já se fez em Portugal o Carlos Paião foi dos mais criativos e inteligentes, venha lá quem vier! Mas falta faz a Amália! Essa sim! =)

Anónimo disse...

Cabézão!!!TÁ-lhe aí a bater uma pancada, que nem lhe digo nada!Que maneira tão sã e educada de se expressar!A ofender tudo quanto é gente!Aínda para mais uma senhora!Já vi que a educação em casa não foi o seu forte!Vá masé escrever palavrões para blogs de tarados!Seu tarado!
Eu msm

Sal Marinho disse...

d'accord, d'accord!!! o filme é lindo! dos mais sensíveis que já vi e Bill Murray é brilhante!